sexta-feira, 30 de janeiro de 2015


30/01/2015 às 17h12min - Atualizada em 30/01/2015 às 17h12min
Fabrícia Aline - Crato(CE)
TAMANHO DA FONTE
A-
A+
Professores cearenses criam rede nacional de revisores voluntários de redação
O objetivo do projeto é contribuir com o letramento dos estudantes do ensino médio, proporcionando rendimento satisfatório na prova de redação do Enem

 Alunos que necessitam redigir redações e ter um acompanhamento de suas produções para aprimorar o desenvolvimento no Enem mas que não recebem a atenção devida por causa da falta de profissionais. Esse é o cenário da Escola de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa, localizada em Pentecoste, que têm 522 alunos e apenas 2 professores de Português para atender essa demanda. Pensando nisso, o professor Nonato Furtado decidiu fazer algo para mudar essa situação e criou o Letras Solidárias, um projeto onde revisores se oferecem para corrigir as redações dos alunos do Ensino Médio.

O objetivo do projeto é contribuir com o letramento dos estudantes do ensino médio, proporcionando rendimento satisfatório na prova de redação do Enem, a partir do trabalho voluntário de revisores de textos. Ou seja, o benefício é duplo, de aprendizagem tanto para os alunos quanto para os revisores. O funcionamento do projeto depende dos articuladores Gustavo Ewerson e Bruno Ribeiro que vão até a escola de Pentecoste recolher as redações, digitalizam e as enviam para os revisores. Após a revisão, os textos corrigidos são entregues de volta aos alunos.

A ideia surgiu em 2012, quando o professor Nonato Furtado juntou um grupo de revisores e deu uma oficina de redação para os voluntários que se disponibilizaram a corrigir os textos dos alunos de Pentecoste. Em 2013, o professor de Física Bruno Ribeiro assumiu o Letras Solidárias e auxiliou na divulgação do projeto, que teve três mil inscritos. Convidou estudantes da UFC, Uece e Uva para integrarem o projeto e o número de revisores foi aumentando. Logo depois, o professor Gustavo Ewerson se disponibilizou para ser um dos articuladores junto com Bruno Ribeiro. “Os alunos ficam muito felizes porque nem conhecem os revisores e sabem que essa ajuda é fundamental para eles se saírem bem no Enem”, acrescenta Gustavo.

Já a revisora Maiara Soares, estudante de Letras Português se apaixonou pelo projeto. “De início, achei uma boa oportunidade para adquirir experiência, depois me apaixonei pelo projeto e até levei a ideia para minha cidade. Ser revisor solidário é um presente, pois estou fazendo o que gosto e ajudando um estudante, ou seja, uni o útil ao agradável” , conclui.

Devido ao projeto, atualmente o número de revisores das redações é maior do que o número de alunos. Para participar da equipe de revisão é necessário ter ensino superior e boa vontade. Em 2015 o projeto alcançou a marca de 600 revisores, entre eles cearenses e pessoas de outros estados do Brasil, além de brasileiros que moram no exterior. “Eles procuram a gente e sabem que estão contribuindo, é uma satisfação muito grande. Como se trata de uma ação voluntária, quando eles não têm tempo hábil nos avisam e a gente diminuiu o número de redações. Além disso, entregamos um certificado de participação no projeto”, explica Gustavo Ewerson, um dos fundadores do Letras Solidária.

O estudante Matheus Lessa foi um dos beneficiados com o projeto. Após tentar o Enem por três vezes, conseguiu ser aprovado em Engenharia de Computação na UFC graças à prática das redações. “Para você ter noção, no penúltimo Enem que eu fiz, antes de conhecer o projeto e ter minhas redações corrigidas semanalmente por eles, consegui 600 pontos na redação. Já no último Enem, após quase um ano de Letras Solidárias, consegui 880 na redação”, comemora.

As vantagens também alcançam os revisores, que recebem um curso presencial de revisão de texto ministrado pelo professor idealizador do projeto Nonato Furtado. O docente também elabora oficina para os estudantes e aconselha os articuladores do projeto. Para 2015, o Letras Solidárias pretende continuar com o incentivo a escrita mas também quer priorizar a leitura. Foi lançada uma campanha na internet com o intuito de captar doação de livros de literatura que resultou em 400 livros doados que serão utilizados em sala de aula. A leitura também contribuirá para a produção de textos melhores.

Fonte: TRIBUNA DO CEARÁ

Nenhum comentário:

Postar um comentário