quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015


72 CASOS CONFIRMADOS

Preocupa número de cães com leishmaniose no Crato

25.02.2015

Ao todo, nove pessoas já foram infectadas, sendo duas com a forma visceral da doença e seis com a mais branda

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Nos últimos dias, exames laboratoriais confirmaram a doença em 72 animais que estão recolhidos aos canis do Centro de Zoonoses do Cariri
FOTO: ROBERTO CRISPIM
Crato O número de cães infectados pela leishmaniose começa a preocupar profissionais que atuam no setor de saúde deste município. Somente nos últimos dias, exames laboratoriais confirmaram a presença da doença em 72 animais que estão recolhidos aos canis do Centro de Zoonoses do Cariri. Além dos animais, pelo menos duas pessoas já foram diagnosticadas com a forma visceral da leishmaniose.
Outras sete pessoas tiveram confirmação em exames realizados para a leishmaniose do tipo tegumentar, que é uma forma menos agressiva da doença. Os casos estão sendo tratados em hospitais da Cidade e, nos locais onde os cães foram capturados, agentes do setor de endemias do Município estão realizando bloqueios na tentativa de impedir a proliferação do mosquito transmissor da doença.
Em pelo menos cinco bairros da Cidade, há preocupação em relação ao número de casos de animais confirmados com a doença. Há cerca de duas semanas, técnicos dos setores de epidemiologia e zoonoses intensificam trabalhos de varredura nestas regiões.
Os bairros Muriti, Seminário e Vila Alta são os que, até o momento, registram o maior número de casos confirmados da enfermidade em animais.
Para facilitar o trabalho de diagnóstico, os agentes utilizam kits repassados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que permitem a realização de exame sorológico imediato. Em caso de confirmação, o animal é recolhido ao Centro de Zoonoses do Cariri e uma mostra do sangue do cão é encaminhada ao Laboratório Central (Lacen), em Fortaleza, para que haja confirmação da doença.
"No ano passado os municípios permaneceram alguns meses sem kits para realização de exames de sorologia animal. Isso prejudicou o trabalho dos agentes de endemias e de zoonoses. Por conta do atraso, é possível que o número de casos registrados neste ano seja maior do que o do ano passado em vários municípios da região", alertou o veterinário Ricardo Pierre, do Centro de Zoonoses do Cariri.
Conforme o profissional, embora os números já sejam considerados alarmantes, as autoridades do setor de saúde no Município estão buscando a parceria com a sociedade local para que não haja crescimento no registro de casos confirmados em humanos. "Sem a participação da sociedade, não há como diminuir o crescimento da doença nas pessoas. O problema não é apenas governamental", disse.
As pessoas precisam compreender que, na maioria dos casos, a leishmaniose ocorre dentro das próprias residências. Em um dos casos confirmados, por exemplo, uma pessoa acometida pela forma visceral possuía, dentro de casa, cinco cachorros que também estavam contaminados. "A sociedade precisa participar do combate à leishmaniose", advertiu Pierre.
O secretário de Saúde do Município, Francimilton Macedo, informou que equipes foram criadas para trabalhar exclusivamente a questão da leishmaniose no Crato. "Nós disponibilizamos profissionais treinados para realização do trabalho em campo e estamos buscando garantir todo o atendimento necessário para que nenhuma localidade deixe de receber a ação de bloqueio. Também solicitamos, neste ano, o aumento no número de kits para realização do exame sorológico no momento da captura dos animais, o que facilita muito a ação dos agentes de endemias", informou.
Conforme o secretário, ações educativas também estão sendo desenvolvidas em localidades do Município. O objetivo é dividir com a sociedade a responsabilidade do combate a leishmaniose", explicou Francimilton.
Além de Crato, o município de Mauriti também registra um caso de leishmaniose visceral confirmado em 2015. No ano passado, houve registro de casos em 19 municípios da região.
As maiores incidências, naquele período, ocorreram em municípios de Várzea Alegre, onde foram identificados 15 casos; Barbalha (14 registros); Juazeiro do Norte (13 ocorrências); e Mauriti, onde houve confirmação de 10 casos da doença.
Ano passado
Na região Centro-Sul, o número de casos confirmados de leishmaniose em pessoas aumentou em mais de 50% em 2014 em relação a 2013. Segundo dados da 18ª Coordenadoria Regional de Saúde, foram registrados, no ano passado, um total de 11 casos da forma visceral e dois da forma tegumentar.
Em 2014 a cidade de Iguatu registrou seis casos; Acopiara quatro e Cariús três. Já neste ano, até ontem, havia registro de quatro casos: dois em Iguatu; um em Mombaça; e outro em Quixelô. No período, o Centro de Controle de Zoonoses de Iguatu sacrificou mais de 60 cães que tiveram exames positivos.
A incidência ocorre em todos os bairros da cidade. Agentes de endemias diariamente fazem coleta de material (sangue) para diagnóstico da doença.
Estado
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), no período de 2001 a 2013, foram confirmados 6.751 casos de leishmaniose visceral no Ceará. A letalidade média no período foi de 5,3%, variando entre 3,5% em 2001 e 6,4% em 2013. Neste período, houve oscilação na taxa de letalidade com ênfase para os anos de 2006, 2011 e 2012 respectivamente 6,7% , 7,2% e 7,0%. No ano de 2014, o índice de letalidade manteve-se no patamar alto do ano anterior.
Os dados da Sesa revelaram, ainda, que em 2013, os municípios com maior número de casos confirmados foram Fortaleza (160), Sobral (36), Caucaia (25), Maracanaú (14), Juazeiro do Norte (10), Granja (8) e Maranguape (5).
No ano passado, houve registro de 204 casos da doença em 62 municípios. O número de óbitos chegou a 13 em 2014. Os municípios com maior número de casos confirmados foram Fortaleza (54), Sobral (10), Caucaia (9), Maracanaú (8), Maranguape e Uruoca (06),Eusébio (05). Os óbitos ocorreram nos municípios de Fortaleza (3), Sobral (2), Baturité, Forquilha, Icó, Maranguape, Mucambo, Nova Olinda, Sobral e Tamboril (1).

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