quinta-feira, 16 de abril de 2015

PF investiga firma ligada a funcionário da Eletronorte; movimentou R$ 4 mi

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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam a microempresa de familiares de um funcionário e ex-diretor da Eletronorte, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, Winter Andrade Coelho, que recebeu depósitos de empresas fornecedoras da estatal na área de tecnologia de informação.
A empresa C&C Consultoria, sediada em Brasília e registrada em nome de um concunhado de Coelho, movimentou R$ 4 milhões, segundo a PF. De acordo com os investigadores, a principal suspeita é que a C&C, que "não possui sede física nem quadro de funcionários", tenha sido usada como empresa "laranja" para receber pagamentos de propina.
O advogado de Coelho, Cleber Lopes, repudiou a suspeita. Segundo ele, o dono da C&C, com "doutorado em tecnologia da informação", poderá provar que realizou os serviços contratados.
Iniciada há mais de um ano, a Operação Choque foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (15), com as prisões de Coelho e de seu parente e o cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A), em Brasília, e endereços em Belo Horizonte (MG), Porto Velho (RO), Marília (SP) e Rio de Janeiro.
Funcionário de carreira da estatal, Coelho, 62, ocupa o cargo de assistente da diretoria de Operação da Eletronorte, setor responsável pela manutenção e funcionamento das usinas hidrelétricas da empresa, como Tucuruí (PA), Balbina (AM) e Samuel (RO).
Segundo nota divulgada pelo Ministério Público, "o principal suspeito e sua família viviam uma vida de luxo", mas detalhes não foram informados. "O patrimônio da empregado da estatal teve um acréscimo exorbitante nos últimos anos", informou a Procuradoria.
ORIGEM DOS RECURSOS
Folha apurou que foi a dúvida sobre a origem dos recursos da família que levou os investigadores a detectar os depósitos na C&C, após quebra de sigilo bancário decretada pela 10ª Vara Federal de Brasília. De acordo com a delegada da PF do Distrito Federal Fernanda Costa de Oliveira, a investigação deverá ser ampliada nos próximos dias.
No depoimento que prestaram à PF do DF, Coelho e seu parente exerceram o direito de permanecer em silêncio, não negando nem confirmando as suspeitas da investigação.
A Eletronorte informou que está colaborando com a PF, "fornecendo todos os dados solicitados".
Em 2005, a Folha divulgou que Coelho chegou a ser cotado para presidir a Eletronorte a partir de uma indicação do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), mas acabou vetado pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff.
Nesta quarta, ao saber da operação da PF, Raupp confirmou conhecer Coelho, mas negou ter feito qualquer indicação. "Está havendo um equívoco muito grande. [Coelho] nunca assumiu cargo por indicação minha", disse Raupp aos jornalistas, no Senado.
A CGU (Controladoria Geral da União) também trabalha no caso, mas informou que não poderia divulgar dados sobre a apuração.

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