terça-feira, 23 de junho de 2015

Governo 'bateu no fundo do poço' e agora 'começa a voltar', diz ministro

Eliseu Padilha (Aviação Civil) integra a coordenação política do governo.
Segundo Datafolha, 10% da população aprovam governo e 65%, desaprovam.

Filipe MatosoDo G1, em Brasília
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, concede entrevista no Palácio do Planalto (Foto: Filipe Matoso / G1)O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, concedeu entrevista no Palácio do Planalto após reunião da coordenação política do governo Dilma Rousseff. (Foto: Filipe Matoso / G1)
Integrante da coordenação política do governo, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, avaliou nesta segunda-feira (22) que a pesquisa Datafolha divulgada no último sábado (20) mostra que o governo “bateu no fundo do poço”. O peemedebista, no entanto, ponderou que, na opinião dele, agora a gestão da presidente Dilma Rousseff "começa a voltar".
O levantamento do Datafolha, divulgado pelo jornal "Folha de S.Paulo", indicou que somente 10% da população avaliam o governo Dilma como "ótimo" ou "bom", enquanto 65% apontaram como "ruim" ou "péssimo". A atual taxa de reprovação da presidente só não é pior que os 68% de "ruim" e "péssimo" registrados pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em setembro de 1992, poucos dias antes de ele sofrer um processo de impeachment.
“O governo, se formos observar todos os indicadores, nós vamos ver que, na confiança com relação à economia, nós tivemos um pequeno acréscimo, que na questão do combate à inflação teve um pequeno acréscimo. Se bateu no fundo do poço e agora começa a voltar”, analisou Padilha.
“Se há uma expectativa que começa a melhorar em relação a indicadores, por óbvio, isso não acontece por um milagre. Existe um governo, existe a chefia de um governo que faz com que isso aconteça e que tem que capitalizar este aspecto positivo”, acrescentou.
Na tentativa de recuperar a aprovação do governo, Dilma iniciou neste mês a chamada “agenda positiva”, com o anúncio de novas ações e lançamento de planos.
Nesta segunda, por exemplo, a presidente lançou o Plano Safra da Agricultura Familiar 2015-2016, que liberou R$ 28,9 bilhões aos pequenos e médios produtores rurais. No evento, ela disse que determinou ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, que elabore um novo plano de reforma agrária, outra pauta para tentar recuperar a imagem do Executivo.
Neste mês, o governo também lançou o Plano de Investimentos em Logística e o Plano Agrícola e Pecuário 2015-2016, ambos com recursos bilionários. Ainda são esperados para as próximas semanas os anúncios do Plano Nacional de Exportações e a terceira etapa do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Ao comentar os números do Datafolha, o ministro da Aviação Civil afirmou que o objetivo do governo era retomar a popularidade para “ontem”. Segundo ele, é preciso que os índices positivos à presidente voltem a ser registrados “no menor espaço de tempo possível”.
“O que nós queríamos era que fosse ontem, o que pretendemos e vamos trabalhar é para que seja hoje, mas, no menor espaço de tempo possível. Este é um processo lento e nós o conhecemos. Quando se tem o clima que estamos convivendo hoje no brasil, este não é processo onde há radicalização e mudança. Esses processos caminham de forma lenta”, declarou.
Lava Jato
Responsável pela elaboração das concessões do setor aéreo, Eliseu Padilha afirmou nesta segunda-feira que, para ele, a 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na semana passada, não criará “problemas” para o pacote do governo federal. De acordo com o ministro da Aviação Civil, as concessões ainda serão realizadas e o governo “caminha com absoluta normalidade” em relação ao plano.
“Nós ainda não temos as concessões. As concessões ainda vão acontecer. Então, não existe nenhum problema [em relação à 14ª fase da Lava Jato]. Nós caminhamos com absoluta normalidade e queremos dar, inclusive, passos mais largos a partir de agora”, disse o peemedebista.
Na última sexta (19), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que as empresas investigadas na Operação Lava Jato por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras poderão concorrer às concessões anunciados pelo governo.
O chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, também já havia dito que as empreiteiras não estão impedidas de disputar as concessões e que elas só poderão vir a ser impedidas de assinarem contratos com órgãos públicos se forem declaradas inidôneas ao final do processo administrativo ao qual respondem no órgão.
Desonerações
O ministro da Aviação Civil, um dos principais auxiliares do vice Michel Temer na articulação política, também ressaltou nesta segunda-feira que a “prioridade absoluta” do governo para esta semana é concluir na Câmara a votação do projeto de lei enviado ao Congresso Nacional que altera as alíquotas da desoneração da folha de pagamento das empresas. O projeto, que compõe o pacote de ajuste fiscal, começou a ser votado na semana passada, mas a análise foi adiada por conta da repercussão das hostilidades sofridas por um grupo de senadores da oposição na Venezuela.
De acordo com Padilha, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “sinalizou” que é possível votar o projeto ainda nesta semana, entre quarta (25) e quinta-feira (26). O ministro, porém, acredita que podem haver dissidências em razão das festas de São João que, historicamente, esvaziam o Legislativo.
“Qual a prioridade absoluta do governo nesta semana? Nós estamos na fase conclusiva do ajuste e a nossa pretensão é votar a desoneração esta semana”, disse.
“Não podemos ignorar, claro, que o São João está aí. A defecção que o São João pode trazer nós só vamos conhecer na quarta”, complementou.
Segundo escalão
Questionado sobre as indicações para o chamado “segundo escalão” do governo, do qual fazem parte as presidências e diretorias de autarquias e órgãos vinculados a ministérios, Padilha disse que estão “praticamente definidas” e falta “fechar” o terceiro escalão, que são os cargos nos estados.
O ministro da Aviação Civil despacha com frequência em um gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto e é um dos responsáveis pela interlocução do Executivo com o Legislativo nas indicações de parlamentares e partidos para o segundo escalão.
“A conclusão [das indicações para o terceiro escalão] não será tão rápida porque nos estados tem disputas. Nós temos que entender que nós temos menos cargos do que pretensões. Então, temos que ter, em determinado momento, para uma arbitragem”, disse.
“E este é um processo lento, que não tem a velocidade sonhada. Mas ele anda e está andando muito mais veloz do que se possa imaginar. A dificuldade maior é definir. Definiu? Depois de definir, anda com velocidade. Onde é que está a dificuldade? Está em quatro deputados e dois senadores quererem o mesmo cargo.”

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