quinta-feira, 23 de julho de 2015

Moradores cobram por aporte hídrico

23.07.2015

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Para a população, Cogerh deve adotar medidas para evitar o desperdício de água do Açude Patu, no curso do Rio Banabuiú até Inharé
FOTO: ALEX PIMENTEL
Senador Pompeu. A última reunião da equipe do escritório regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) da Bacia do Banabuiú, na cidade de Senador Pompeu, na semana passada, foi tensa. O gerente regional da Cogerh, Paulo Ferreira, acompanhado do articulador técnico da Bacia, Luiz César Pimentel, foram sabatinados por um grupo de moradores preocupados com a situação hídrica do Açude Patu, responsável pelo abastecimento urbano, tanto de Senador Pompeu quanto da cidade vizinha, Milhã.
Na opinião dos moradores, há necessidade urgente de a Cogerh adotar medidas para evitar o desperdício de água no curso do Rio Banabuiú, até a localidade de Inharé, distante cerca de 15Km de onde é captada a água para abastecimento de Milhã. Com a situação atual, uma vazão de 45 litros por segundo, o reservatório, construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e concluído na década de 1980, deve atingir o seu volume intangível, ou volume morto, em outubro.
Um dos participantes da reunião, o engenheiro agrônomo Deodato Aquino apontou como uma das alternativas a construção de uma adutora de montagem rápida do Açude Patu até o Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Milhã. Com a instalação dos dutos, o abastecimento poderá se estender até o início da próxima quadra chuvosa. Ressalta, contudo, a necessidade de evitar o desperdício pelos irrigantes, pois alguns deles, inclusive, seguem utilizando a técnica de inundação e outros enchendo piscinas em pleno período de estiagem prolongada.
Aquino e o radialista Walter Lima, que também tem acompanhado o problema hídrico na região, questionaram se o volume do açude, exposto nos gráficos do órgão, é o real. Na avaliação deles, o aporte é pelo menos 40% inferior ao exposto oficialmente. Pelos cálculos realizados por eles, enquanto os dados da Cogerh apontam 8 milhões de metros cúbicos, o volume real não deve ultrapassar 4 mi/m³.
Abastecimento
O representante técnico da Cogerh, Luiz César Pimentel, concorda com a proposta de construção da adutora. Com o abastecimento por meio dos dutos, o volume de água liberado pode ser reduzido de 120 litros por segundo para 17. Entretanto, cerca de 21 irrigantes das margens do rio, na extensão de 14,6Km serão obrigados a buscar outras fontes hídricas para manterem seus pastos e canaviais. Apesar de a prioridade ser o abastecimento humano, a economia da região pode ser diretamente afetada, já que os pastos são destinados à alimentação de rebanhos bovinos, inclusive leiteiros, uma das principais fontes de recursos financeiros da região.
Todavia, o técnico esclarece não ser de competência da Cogerh a determinação para a realização de obras. A Companhia apenas administra e gerencia os recursos hídricos, cabendo aos Comitês das Bacias, formados por representantes de órgãos públicos e outras entidades, decidirem como a água disponível deve ser utilizada. Quanto à instalação da adutora, é possível viabilizar, por meio de articulações, políticas e da sensibilização dos governantes, desde que exista aporte econômico para a realização da obra.
Rebatendo os questionamentos sobre o volume do Açude Patu, Pimentel explicou que a Cogerh age com transparência e utiliza tecnologia e modelos matemáticos necessários para prever o volume mais real possível. Os números no portal da Companhia não estão atualizados em relação a alguns reservatórios monitorados, como o Patu, por exemplo. Pelos cálculos, mesmo o açude atingindo o aporte zero ainda será o suficiente para abastecer a área urbana de Senador Pompeu até o fim de junho do próximo ano, segundo garantiu o técnico da Companhia.

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