segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lideranças entravam debate no Congresso

O deputado federal Ronaldo Martins (PRB) afirma que é o Executivo quem tenta limitar a atuação do Congresso Nacional ( FOTO: FERNANDA SIEBRA )
Deputados que integram a bancada cearense na Câmara Federal reforçam a avaliação do senador Cristovam Buarque (PDT) feita em entrevista ao Diário do Nordeste de que há limitações no Congresso Nacional quanto à capacidade de apontar saídas para a crise que atinge o País. Embora a maioria enxergue que a culpa não é do Legislativo, outros parlamentares foram duros ao acusar queda na qualidade dos debates e no interesse em buscar a recuperação deste cenário.
O deputado Chico Lopes (PCdoB) ressalta que, há algum tempo, o debate deu lugar apenas ao confronto eleitoral. O parlamentar diz que tanto os integrantes da base aliada ao governo Dilma Rousseff quanto a oposição repetem os discursos e pouco conseguem se aprofundar nas discussões travadas durante as sessões no Congresso Nacional.
"Não existe debate, existe confronto. Se assistirmos três sessões numa mesma semana, vamos perceber que a oposição sempre apresenta o mesmo discurso. É sempre assim. Da mesma forma acontece com os parlamentares que defendem o Governo Federal, pois eles também repetem os discursos. A qualidade do debate caiu muito. Portanto, Cristovam (Buarque) reflete o que vem acontecendo na Câmara e no Senado", pontua.
Chico Lopes é ainda mais enfático ao afirmar não ser possível confiar no Congresso para encontrar soluções que enfrentem de fato os efeitos da crise. "Não acredito que a gente saia dessa crise via Congresso. Se não tiver participação dos segmentos produtivos, segmentos populares, não dá. Os grandes projetos, para serem aprovados, é um Deus nos acuda", frisa.
O parlamentar alega que a nova legislatura não representa renovação de ideias e, consequentemente, cria mais obstáculos ao ambiente. Para Chico Lopes, o Congresso é movido de acordo com anseios da próxima eleição e pouco incentivado a pensar projetos para a nação. "Não teve renovação de ideias, de propostas. Não estamos preocupados em pensar projetos para a nação. Não se chega a entendimento, não se faz um acordo. A CPIs estão sendo politizadas muito mais do que o necessário", lista.
Negociação
O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) alega que o Congresso Nacional até está à altura do enfrentamento à crise, mas alega que a força do Palácio do Planalto sobre os parlamentares no trabalho de negociação de cargos e ministérios limita e cria obstáculos à capacidade do Legislativo. "Não quer sair porque perde o cargo, ficam todos aguardando o desenrolar dos acontecimentos", destaca.
O deputado federal Domingos Neto (PROS) diz que jamais concordará com o senador Cristovam Buarque nesse sentido por acreditar que esforços têm sido buscados. "Acho que há a ineficiência de qualquer agente público quando ele joga para o outro a responsabilidade. O que foi que o senador fez antes de acusar o Congresso de ineficaz, de incapaz?", questiona.
O parlamentar acusa como ineficácia do Executivo a sensação de que o Congresso enfrenta limitações. "As dificuldades não são por ineficiência do Legislativo, mas porque temos várias ações de prerrogativa do Executivo. A grande dificuldade é porque não vemos um desenho claro do Executivo para sair da crise", alega. Domingos Neto aponta que as discussões do Pacto Federativo são um exemplo da preocupação dos deputados federais em indicar soluções.
Saídas para a crise
O deputado federal Danilo Forte (PMDB) diz que debate existe, mas reforça a ausência de lideranças e partidos capazes de mobilizar a sociedade no aprofundamento da discussão para a busca de saídas da crise. Ele alega que a percepção de Cristovam Buarque é mais concentrada à realidade do Senado Federal.
"O Senado é mais acomodado. O debate se dá de forma menos vibrante. A gente tem procurado construir alternativas. O Pacto Federativo é um exemplo disso. Todo dia estamos votando matérias com perspectiva. O problema é que a crise é tamanha que, talvez pelo vasto conhecimento acadêmico dele (Cristovam Buarque), talvez ele esteja imaginando uma Constituinte Exclusiva como a solução", frisa.
O deputado federal Ronaldo Martins (PRB) diz que é o Executivo quem tenta limitar a atuação do Congresso Nacional. "Por mais que o governo tente, a maioria não aceita. A maioria está indignada com a situação e quer ficar ao lado do povo", completa.

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