sexta-feira, 24 de junho de 2016

Ato na Unilab faz alerta sobre cultura do estupro

Assembleia reuniu alunos, professores e servidores para requerer normas de condutas e punição para inibir a violência contra a mulher. O suposto autor do crime contra a estudante teve a prisão relaxada por decisão judicial ( Fotos: Kid Júnior 
Redenção. Um suposto caso de estupro resultou em protesto da comunidade da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). No campus localizado neste município, alunos, professores e servidores se reuniram, ontem, em assembleia para requerer normas de conduta e punição para inibir a violência contra a mulher, que seria recorrente.
Com faixas e cartazes, um grupo de manifestantes chegou a pedir o afastamento do atual reitor Tomaz Aroldo da Mota Santos, pela vulnerabilidade que alunas e até professoras se encontram em vista de assédio por parte de alunos.
O suposto caso de estupro teria ocorrido na manhã do último sábado. A vítima, natural da Guiné Bissau, acusou um compatriota e também estudante da Unilab de ter tido relações sexuais, após estar inconsciente.
De acordo com a assistente social e coordenadora de Políticas Estudantis, Socorro Maciel, a vítima contou ter participado de uma festa de formatura, na noite de sexta-feira, juntamente com seus compatriotas.
O grupo bebia e se divertia numa casa alugada, em Acarape, para os alunos estrangeiros. A jovem contou para a assistente social que pela manhã acordou e percebeu o estupro por parte de um colega, que também participava da festa.
Com isso, Socorro acompanhou a estudante para que fosse feita a queixa da Delegacia Municipal de Redenção, responsável pelo município de Acarape. Para a delegada de plantão, Arlete Silveira, o suposto autor negou o crime e afirmou ter sido consensual a relação sexual.
Providências
A professora Violeta Holanda, coordenadora do Núcleo de Gêneros e Sexualidade, disse que houve um caso de estupro, em 2013, envolvendo um estudante de origem do continente africano e uma paulista. No entanto, não foi prestada queixa à Polícia.
Ela afirmou que há um sentimento de medo na Universidade quanto à possibilidade de que novos casos venham a ocorrer, inclusive considerando que há até relatos de assédios a professoras. "São situações muito sensíveis, mas que não devemos considerar como caos e nem estigmatizar todo o grupo de alunos estrangeiros", afirmou.
Enquanto isso, o reitor Tomaz Aroldo disse que o caso, mesmo ainda em processo de investigação, já deixa algumas lições. A primeira delas será levar o assunto para a reunião do Conselho Universitário, que ocorrerá no próximo dia 29. Na ocasião, irá propor ações educativas e punitivas. Ele lembrou que o caso se deu fora da Universidade e não é algo incomum no País, embora reconheça que deva existir uma ação incisiva contra a cultura do estupro.
O reitor Tomaz Aroldo disse que se deve evitar a generalização com os alunos de origem africana, continente onde há uma diversidade de países e etnias, bem como considerar o raio limitado da universidade para impor normas de conduta além dos limites do campus.
"Esse caso não pode ser reputado a uma cultura. O que fizemos de imediato foi dar apoio psicológico e tranquilizar toda a comunidade", disse.

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