terça-feira, 30 de agosto de 2016

Estudantes realizam manifestação

Paramoti. Inconformados com a suspensão das aulas nas escolas, alunos desta cidade do Sertão Central, distante 104 km da Capital, realizaram uma manifestação pelas ruas do Centro na manhã de ontem. O protesto, segundo eles, "foi uma forma de repúdio ao atraso no salário de servidores do município".
A manifestação foi encabeçada por alunos da rede pública municipal. De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipal de Paramoti, Manuela Mesquita, cerca de 200 alunos tomaram as ruas com cartazes. O ato teve início às nove da manhã na praça central.
Os alunos ocuparam o paço municipal e cobraram respostas sobre os problemas que atingem a merenda e o transporte escolar. "Juntamos os alunos e fomos nos manifestar porque dois meses de salário atrasado já é demais", disse o aluno Jhony da Silveira Nascimento, 16.
Ele conta que há colegas que temem perder oportunidades com as aulas que serão recuperadas no período das férias. "Tem aluno do nono ano que quer ir para a escola profissionalizante mas, se não terminar o período letivo até o fim do ano, vai perder o prazo da inscrição".
Pais, garis, professores e membros do Sindicato também participaram do protesto. "A prioridade é o salário. Ele garante a vida. É através dele que a gente sobrevive. Nós queremos um posicionamento da gestão", disse Manuela Mesquita. A presidente do sindicato contou, que no momento em que os alunos ocuparam a Prefeitura, encontraram técnicos da Controladoria Geral da União (CGU).
Eles estariam realizando, segundo ela, um trabalho de fiscalização da merenda, do transporte escolar e também no setor de combate a dengue. "Não fomos recebidos! Eu entrei no gabinete do prefeito na marra e ninguém vinha nos atender. Os técnicos disseram que não tinham autonomia para resolver os problemas", relatou.
De acordo com o Sindicato, o problema atinge cerca de 300 funcionários efetivos da Saúde, Agricultura, Infra-estrutura, Ação Social e Educação. O atraso estaria entrando no segundo mês e, devido a isso, os servidores já estão em greve há quase 30 dias. "É recorrente. Há 17 meses enfrentamos esse descaso de receber nosso salário atrasado. Nem os nossos consignados são repassados. A Prefeitura desconta mas não paga. Cerca de 50% desses funcionários estão com o nome sujo", relata. Preocupados com a possibilidade de não receberem suas dívidas, alguns comerciantes estão deixando de vender aos funcionários.
A classe dos professores alega ser uma das mais afetadas. Para a professora de alfabetização Maria Aldeni Rodrigues, a situação é desgastante. "É muito difícil, complicado, você trabalhar sem receber. Acaba prejudicando as crianças". A educadora revelou que que está acumulando dívidas e que vive em uma situação constrangedora.
Fundeb
Os repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para a Educação ocorreram normalmente este ano. Desde janeiro, nenhuma parcela deixou de ser paga, segundo o Portal da Transparência do Governo Federal. Durante toda a tarde de ontem, a reportagem tentou ouvir o prefeito de Paramoti, Samuel Boyadjian, através dos telefones que constam no site da gestão, mas as ligações não foram atendidas mos números disponíveis.

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