terça-feira, 30 de agosto de 2016

Interior do Ceará ainda mostra força na geração de emprego


As cidades de Granja, Itapipoca e Brejo Santo, todas do interior, conseguiram resistir à queda e tiveram saldo positivo de empregos
Cidades da RMF ficaram no topo da lista de municípios que apresentaram recuo do mercado de trabalho, como Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e São Gonçalo do Amarante ( Foto: Fernanda Siebra )
Enquanto todo o País enfrenta as consequências de um mercado de trabalho cada vez mais restrito, alguns municípios do Interior do Ceará ainda conseguem resistir à tendência e até a registrar um aumento significativo da quantidade de postos de trabalho. Em julho, dos 64 municípios cearenses com mais de 30 mil habitantes, 36 tiveram retração em seu estoque de assalariados com carteira de trabalho assinada, incluindo a Fortaleza, que liderou em número de perdas, com 3.065 postos a menos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na última quinta-feira (25) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Além da Capital, que admitiu 18.770 pessoas em julho e demitiu outras 21.835 no mesmo período, ficando com um saldo negativo, muitos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) também tiveram seus respectivos mercados encolhidos. Em Caucaia, por exemplo, houve a perda de 506 postos de trabalho no mês, colocando-a em segundo lugar em número de perda de vagas.
Também na RMF, as cidades de Maracanaú (-447) e São Gonçalo do Amarante (-358), onde fica o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), também registraram perdas significativas. Em quinto lugar no ranking de perdas de postos de trabalhos, a cidade de Sobral, na região norte do Estado, foi a primeira cidade do interior a aparecer entre as mais prejudicadas por conta do recuo no mercado de trabalho.
Concentração
De acordo com Erle Mesquita, coordenador de Estudos e Análises de Mercado do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), a RMF concentra dois terços das pessoas, dos empregos e do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado - por isso, sofre mais com a retração do mercado de trabalho. "Os resultados, tanto de queda quanto de crescimento, ficam mais concentrados na região metropolitana", disse..
Crescimento
Já as cidades de Granja, Itapipoca e Brejo Santo, todas do interior, conseguiram resistir à queda e ampliaram seus respectivos mercados de trabalho. Em julho, Granja liderou a geração de empregos nos municípios cearenses, admitindo 221 trabalhadores e desligando apenas 19, fechando assim com saldo remanescente de 202 vagas, um aumento de 14,68% no seu estoque de empregos com carteira assinada.
Em segundo lugar, ficou o município de Itapipoca, que admitiu 337 pessoas e desligou 218 no período, ficando com um saldo de 159 postos de trabalho. Em seguida, Brejo Santo, na região sul do Estado, apareceu na terceira colocação com 133 vagas a mais em seu mercado. Completando o ranking de geração de empregos, Horizonte e Maranguape empataram com a criação de 73 postos cada.
Segundo Mesquita, os resultados do interior são pontuais, principalmente na comparação mensal. "Muitos desses municípios aparecem em determinado período com uma grande contratação, como uma abertura de processo seletivo da Prefeitura, e aparece entre os que tiveram mais vagas. Mas não é um resultado que segure a cidade entre os maiores geradores de emprego", explica.
Preocupante
Mesmo com municípios que registram avanço no mercado de trabalho, o coordenador aponta que a situação do mercado de trabalho cearense, assim como o brasileiro, é preocupante. "Nos primeiros oito meses de 2016, já foram fechadas o dobro de vagas que no mesmo período do ano passado. E o ano de 2015, por si só, foi o pior em geração de empregos desde 1992. Neste ano, podemos ter uma situação ainda pio", alerta.
Em julho, o Ceará teve o pior resultado para o mês em toda a atual série histórica do Caged, que computa dados desde 2003, já que fechou 4.677 postos formais no período. O resultado foi decorrente de 31.483 admissões e outras 36.160 demissões, culminando em um saldo negativo nunca antes visto no Ceará nos últimos 13 anos, e que representa uma retração de 0,40% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada de junho último.
Mesquita avalia que, mesmo com um cenário econômico que tenda a ser mais favorável, o Estado continua operando a um nível muito elevado de desemprego. "Além das incertezas políticas e econômicas, temos visto ainda propostas para solucionar a crise baseadas na precarização da situação de trabalho, assim como do benefício da aposentadoria, acentuando esse quadro de menor renda".
dsa

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