quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Crato lidera notificações de violência contra mulher


Delegada Camila Brito _DDM Crato - Foto_ Jota LopesO Observatório da Violência e dos Direitos Humanos, da Universidade Regional do Cariri (Urca), apresentou os dados preliminares coletados desde que iniciou suas atividades, em outubro de 2015. Com foco inicial voltado para a violência contra a mulher, foram verificadas 1.372 notificações no Crajubar, somente nos sete primeiros meses de 2016. Os números são compostos por boletins de ocorrência, flagrantes, prontuários de atendimentos e fichas de notificação, representando média de 6,5 notificações diárias por cada mil mulheres. A pretensão é que, através de georreferenciamento, sejam localizados os bairros mais violentos dos três municípios, para que políticas públicas sejam direcionadas e efetivadas.
Levando em consideração os municípios individualmente, Crato lidera os registros, com média de 9,16 notificações de violência por cada mil mulheres. Em Juazeiro do Norte, a média é de 5,87. Em Barbalha é de 0,49. Se comparado ao Mapa da Violência de 2015, que registrou 4,1 atendimentos por cada dez mil mulheres, a média do Crajubar é de 3,39. “Então, é uma situação para refletir como nossa situação de violência na região é alarmante”, declara a professora Grayce Albuquerque, integrante do núcleo gestor do Observatório. Segundo ela, foram identificadas, até o momento, 1.202 vítimas de violência, que, em alguns casos, procuram mais de um serviço para atendimento, daí o maior número nas notificações
Conforme a professora, os dados foram levantados por bolsistas dos cursos de Direito e de Enfermagem da Urca, que são orientados por três docentes da Universidade, que coordenam o Observatório. Este atua praticamente em duas vertentes: monitoramento dos casos de violência na região, iniciando pelo complexo Crajubar, e a atuação em atividades de sensibilização no tocante ao enfrentamento à violência. Através de contatos e parcerias, com instituições que estão diretamente ligadas ao tema, como Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), Delegacias Regionais, Centros de Referência da Mulher e Centros de Serviço de Vigilância Epidemiológica, todos os meses são feitos levantamentos de informações referentes aos registros de violência.
Criamos um checklist com 59 variáveis que contempla dados do perfil da vítima, do agressor, e da violência que está sendo sofrida”, explicou Grayce. A pesquisa já foi encaminhada, para avaliação dos dados, à Coordenadoria de Políticas Públicas das Mulheres do Governo doEstado do Ceará. Há, ainda, o diálogo com a Coordenadoria de Igualdade Racial e Étnica. “Acho que nós, cada um com o seu papel em articulação, podemos não fazer acabar – por ser cultural –, mas modificar, gradativamente, essa concepção patriarcal e machista, que ainda teima em manter a mulher sob posse e submissão masculina”, enfatiza.
A partir do Observatório, outras instituições de ensino se integraram à Urca para pesquisas sobre a violência. Além disso, as ações do grupo serão descentralizadas para a unidade do Iguatu, onde também serão feitas pesquisas referentes aos municípios circunvizinhos. “É um trabalho importante. É o primeiro trabalho dessa natureza aqui no Crajubar. Os dados ainda são maiores porque os que temos são preliminares”, finaliza.
DADOS da violência OS da violência
A maioria das vítimas é composta, primeiramente, por mulheres jovens e adultas, na faixa etária de 18 a 35 anos. Em segundo lugar estão aquelas com idade até 59 anos;
Os agressores são, em sua maioria, parceiros ou ex-parceiros;
Uma das principais causas apontadas é a questão da posse, onde o homem insiste em acreditar ser dono da mulher;
O principal local da ocorrência da violência é o domicílio;
Os principais horários das ocorrências são durante a noite e a madrugada, quando as DDM’s estão fechadas;
Apesar de não serem encontrados nos registros, sabe-se que as mulheres negras são as que mais sofrem violência;
Homens jovens são os principais agressores;
Parte das notificações observa que existe relação da violência com o álcool e outras drogas;
Maioria das vítimas é da zona urbana;
O tipo de violência mais comum é a ameaça, seguida de violência psicológica e física – dentre elas, a utilização de força física e espancamento.
Foto: Jota Lopes/Agência Caririceara.com
Com informações do Jornal do Cariri

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