terça-feira, 29 de novembro de 2016

Polícia Civil apreende 140 mil comprimidos

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Além de remédios de 'tarja preta', foram encontrados medicamentos de 'tarja vermelha' (que prescrevem a retenção de receita médica) ( Foto: Reinaldo Jorge )
Dando continuidade à operação denominada como 'Tarja Preta', a Polícia Civil do Ceará, através da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), realizou a maior apreensão de comprimidos da história do Estado, cerca de 140 mil, entre medicamentos e anabolizantes. Três pessoas foram presas, entre 22 de novembro último e o dia de ontem, por envolvimento com o esquema criminoso que contava com funcionários da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
A primeira e a maior apreensão da segunda fase da operação aconteceu quando a Polícia encontrou Raimundo Nonato Macedo da Costa, 60, que era investigado desde a primeira fase, que foi deflagrada em outubro. O suspeito foi preso em flagrante no estacionamento de um supermercado da Avenida Oliveira Paiva, no bairro Cidade dos Funcionários, em Fortaleza, quando se preparava para entregar medicamentos a um comprador.
No carro dele e, posteriormente, em sua residência, que fica no mesmo bairro, foram apreendidos cerca de 101 mil comprimidos, dos quais a maioria era de 'tarja preta', ou seja, que a venda depende da retenção de receita médica e que pode causar dependência. Dentre esses remédios estavam a sibutramina, utilizada para perder peso; e o mizoprostol, abortivo que tem a venda proibida para pessoa física e é aceito apenas em hospital, com o acompanhamento médico.
Após a primeira prisão, a Polícia descobriu o fornecedor e foi à residência do suspeito, localizada no bairro Parquelândia, no último dia 24 de outubro. No local, a equipe de policiais da DCTD efetuou a prisão de Antônio Gottardo Sousa Araújo, 57, que estava na posse de quase 40 mil comprimidos que seriam comercializados ilegalmente.
Além de remédios de 'tarja preta', foram encontrados, com a dupla, medicamentos de 'tarja vermelha' (que prescrevem a retenção de receita médica) como o cloridrato de fluoxetina, o cloridrato de amitriptilina (antidepressivos) e a amoxicilina (antibiótico), o pramil (usado para a disfunção erétil e proibido em todo o Brasil); e ampolas do anabolizante decadurabolina.
Os alvos dos traficantes do esquema criminoso são tanto farmácias como usuários das substâncias comercializadas inadequadamente. A venda é realizada por um preço inferior ao praticado no mercado legal e sem a retenção de receitas. Diretor da DCTD, o delegado Sérgio Pereira fez um alerta ao comprador desse mercado: "Coloca a vida em risco. A medicação é verdadeira, mas ele está usando por conta própria, sem acompanhamento médico, sem a dose ser a necessária ou mesmo sem o organismo necessitar".
Através de um mandado de prisão preventiva expedido pela 2ª Vara de Delitos de Tráficos da Comarca de Fortaleza, a Polícia Civil realizou a última detenção da segunda fase da operação 'Tarja Preta', no dia de ontem. José Leonardo Sales de Freitas, de idade não informada, que estava foragido, foi preso em uma casa no bairro Jurema, no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Segundo a delegada Patrícia Bezerra, diretora adjunta da DCTD e responsável por comandar a investigação, José Leonardo, que era fornecedor de Raimundo Nonato, era o principal alvo da primeira fase da operação. "Embora a gente tenha conseguido capturar a esposa, a cunhada e o irmão do Leonardo, não tinha sido possível naquele momento fazer a prisão dele, o que a gente conseguiu na manhã de hoje (ontem). Assim, a gente finalizou a segunda fase", disse.
Raimundo Nonato foi autuado por tráfico de drogas e por vender medicamento de origem ignorada. Antônio Gottardo responderá apenas pelo segundo crime. Já Leonardo responderá pelos dois crimes, com acréscimo de associação para o tráfico de drogas.
Rede pública
Algumas das caixas dos medicamentos apreendidos continham a informação "venda proibida ao comércio". Segundo a diretora-adjunta da DCTD, "esse carimbo é o que indica o desvio da rede pública de saúde".
Na primeira fase da operação 'Tarja Preta', deflagrada no início de outubro, dois funcionários terceirizados da Sesa e outras sete pessoas foram presas por suspeita de envolvimento com o mercado ilegal de medicamentos e anabolizantes. Os dois funcionários trabalhavam na Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado do Ceará (Coasf)e tinham a função de receber, separar e distribuir medicamentos em hospitais e postos de saúde, mas estavam desviando o material.

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