quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ataques a banco caem 18% no Ceará em 2017

Alvos de ações criminosas que visam arrecadar altas somas em dinheiro, as agências bancárias do Ceará passaram a ser menos atacadas neste ano. Conforme levantamento da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) - especializada em investigar crimes com prejuízos a partir de R$ 10 mil - de janeiro até ontem, foram registrados 36 ataques às instituições financeiras no Estado.
Comparado com igual período de 2016, quando houve 44 ocorrências, o número representa uma redução de 18%. Das 36 ocorrências contabilizadas pela Especializada, uma foi registrada como roubo, 21 explosões, 11 furtos com o uso de maçaricos e três assaltos a carros-fortes.
O titular da DRF, Raphael Villarinho, aponta que os números estão diminuindo desde 2013, quando foi registrado um pico de 95 ataques. Para o delegado, a melhora se deve às desarticulações de quadrilhas reincidentes no cometimento de crimes desta natureza.
Durante os oito primeiros meses de 2017, a Especializada prendeu 84 suspeitos, incluindo os que atuaram na linha de frente dos ataques e os que deram apoio logístico e forneceram armas. "Estamos trabalhando em parceria com órgãos públicos e com as instituições financeiras, que também têm seu setor de Inteligência", disse o delegado.
Para Raphael Villarinho, hoje, não há mais ações do 'Novo Cangaço', no Estado. Ou seja, os criminosos já não sitiam toda a cidade para atacar um banco, nem costumam fazer os moradores de reféns.
Perfil dos criminosos
Enquanto os assaltantes mais antigos agiam por conta própria e optavam por não terem aliados para não dividirem os lucros, atualmente os crimes contra instituições financeiras ocorrem, principalmente, porque consórcios são firmados por facções.
Raphael Vilarinho explica que os assaltantes mais jovens e sem experiência não têm poder aquisitivo suficiente para adquirir o armamento necessário para os ataques. Com isso, a oferta da 'mão de obra' em troca de armas vem se tornando comum.
"No Brasil, os grandes assaltos são feitos por membros de facções criminosas com equipamento bélico capaz de furar qualquer blindagem. São as facções que têm poder financeiro e dão o armamento. Um tem o pessoal que vai assaltar, o outro o contato de alguém dentro do banco, outro o armamento", explicou o titular da DRF.
A exemplo de crimes financiados por esse consórcio, está a tentativa de ataque frustrada no município de Jaguaruana, ocorrida no dia 1º de abril de 2017. Os planos da quadrilha liderada por Ediondas Duarte Júnior era assaltar duas agências e um posto bancário da cidade.
Na época, o delegado Samuel Elânio, da Delegacia de Polícia Federal de Mossoró, ressaltou que, por trás da ação, havia a possibilidade de existir o financiamento de um consórcio firmado entre criminosos de vários estados do Nordeste. Oito suspeitos deste crime morreram após confronto com a Polícia.
Na contramão da redução dos ataques, a DRF registrou um aumento nas apreensões de armas de grosso calibre. Armamentos considerados de guerra que estão chegando cada vez mais às mãos dos criminosos que atuam contra bancos no Ceará. Enquanto que em todo o ano de 2016 a Delegacia apreendeu quatro fuzis, nos oito primeiros meses de 2017, cinco fuzis já foram retirados de circulação.
Punição
Segundo Raphael Villarinho, tirar dos assaltantes seu "principal instrumento de trabalho" é um dos principais objetivos a serem perseguidos pela DRF. "Se alguém é pego com uma pistola ou um fuzil, vai pegar a mesma pena. É preciso rever a legislação. É preciso punir de forma rigorosa quem porta essas armas", disse.

Assaltantes escapam da prisão e reincidem

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Segundo o delegado Raphael Vilarinho, da Delegacia de Roubos e Furtos, desde 2014 a DRF prendeu 15 dos 20 criminosos mais procurados. (Foto: Thiago Gadelha)
Diversos criminosos conhecidos da Polícia cearense e que constavam na lista dos criminosos mais perigosos do Estado foram presos pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), de 2014 até agora. Muitos deles encontraram chances para fugir durante a crise gerada no Sistema Penitenciário cearense.
Dentre esses criminosos está Marcos Fernando Monteiro Marques, o 'Chicó', apontado pela Polícia como um dos principais assaltantes de banco que agiam no Estado. Ele foi detido pela DRF, no bairro Damas, em 20 de março de 2017, quando escolhia uma motocicleta em uma loja.
'Chicó' teria envolvimento em mais de 12 assaltos do tipo 'sapatinho' e em explosões de bancos no Ceará, conforme a DRF. Na casa do criminoso foram encontrados dois fuzis com mira a laser e 124 munições. Cada uma das armas custa em torno de R$ 50 mil, conforme o delegado Raphael Vilarinho.
Porém, 'Chicó' não passou muito tempo na prisão. Em 21 de maio conseguiu fugir da Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima, antiga CPPL I. Na última terça-feira, o criminoso acabou recapturado na cidade de Parnaíba, no Piauí. Na companhia de Francisco Gilson Lopes Justino, o 'Meia Luz' (outro assaltante conhecido do Ceará), 'Chicó' foi flagrado pela Polícia Rodoviário Federal (PRF) em uma Hilux com placas clonadas.
Capturados
Outros assaltantes de banco, que figuram entre os mais perigosos do Estado foram capturados em 2017, como Wellington Matias de Moura, o 'Pequeno'; Joelino Costa da Fonseca, o 'Juca'; e Francisco Wanderson da Silva Sousa, o 'Zé da Barra'.
Em uma ação da Especializada, realizada em julho, o líder da facção criminosa do Rio Grande do Norte, 'Sindicato do Crime', foi preso na Praia do Icaraí, junco com outros três comparsas. O bando se formou a partir de uma dissidência do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado.
Segundo Raphael Vilarinho, o bando pretendia se instalar no Ceará, mas teve seus planos frustrados com a prisão de Francisco Magno da Silva, apontado como o cabeça da organização.
"Desde 2014, a DRF prendeu 15 da lista dos 20 criminosos mais procurados no Ceará. O 'Pequeno' era um desses. Tem alguns que sabemos que, se forem soltos ou fugirem, vão voltar a assaltar banco no Ceará", disse o titular da Especializada.

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