segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Partidos de esquerda não têm consenso sobre bloco

A mais de um ano para a disputa presidencial de 2018, a crise no cenário político brasileiro mobiliza partidos rumo à eleição. Na ala da esquerda não há consenso sobre a construção de um bloco para o ano que vem. Pelo que líderes nacionais do PDT, PSB, PT e PCdoB afirmaram ao Diário do Nordeste, cada uma dessas siglas deverá apostar em candidaturas próprias na corrida ao Palácio do Planalto. Embora frisem que na política tudo é possível, o espírito geral dos dirigentes é por mais "porta-vozes" de tais legendas concorrendo ao pleito.
Os desdobramentos da Operação Lava-Jato sobre a classe política brasileira acenderam o alerta vermelho nos partidos em relação a quais táticas e quadros serão elencados para a disputa de 2018. Até agora, a esquerda parece estar fragmentada e disposta a apresentar várias alternativas. Se de um lado o PT, que defende a candidatura do ex-presidente Lula - condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, quer liderar uma frente com o PDT, o PSB e o PCdoB, não é bem assim que pensam esses partidos.
Segundo o vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque, a sigla não cogita nova aliança com o PT em âmbito nacional. Ele afirma que a hora é de defender um projeto político próprio e já colocar candidatos pessebistas para "circular no Brasil".
"O PT não é nossa prioridade. Um partido, para ser de esquerda, não precisa estar agarrado com o PT, e com o PT aprendemos o que deve fazer e o que não se deve fazer", diz. Segundo ele, "quem não se mostrar na eleição de 2018 vai se assumir ineficaz perante a sociedade brasileira". Beto acredita, porém, que a hora não é de decidir nomes.
O PSB, portanto, dialoga com o PCdoB, a Rede e o PDT, que também não está atrás na corrida presidencial. A sigla pedetista já lançou a pré-candidatura "irreversível" do ex-ministro Ciro Gomes. O presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, considera que o cearense deveria encabeçar uma frente da esquerda com vistas a 2018. "Eu acho que a aliança é boa. O PT já teve o seu ciclo e agora é um novo ciclo", defende. Lupi lembra que o PDT já apoiou o PT e espera o mesmo nas próximas eleições.
Já a presidente nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos, vai além e analisa que é preciso ter mais candidaturas no campo da esquerda, para alcançar aqueles que ainda não se sentem representados. Ela concorda que as candidaturas de Ciro e de Lula são naturais, assim como poderá ser a do PCdoB. "Há muita fragmentação das nossas forças e avaliamos que, diante da fragmentação, vale a pena afirmar algumas bandeiras que para nós são muito caras".
Prioridade
Por outro lado, o PT não abre mão de lançar Lula como representante do bloco de esquerda. Para o vice-presidente nacional do partido, deputado federal Paulo Teixeira, a condenação proferida pelo juiz Sergio Moro, em julho, será revertida. Ele reconhece ser boa a possibilidade de uma chapa formada por Lula e Ciro, mas descarta outro nome senão o de Lula para concorrer à presidência pelo PT.
"O PT tem nomes nacionais que podem ter sucesso, mas precisamos discutir tendo em vista que Lula tem que ser candidato. Não vai haver um desgaste (com a condenação do Lula), está havendo um sentimento de solidariedade de que foi cometida uma injustiça", pondera Teixeira.

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