sábado, 26 de agosto de 2017

Suspeito de manter filhos em cárcere privado será internado

Os filhos do suspeito foram localizados por equipes da Polícia Civil e Conselho Tutelar de Fortaleza, na Rua Visconde de Mauá, no bairro Dionísio Torres, após recebimento de denúncia anônima ao 'Disque 100' ( Foto: Cid Barbosa )

Massaharu Adachi disse que protegia os filhos de ameaças. A Polícia acredita que ele sofra de transtornos psíquicos
O suspeito de manter em cárcere privado seus seis filhos, em uma residência no bairro Dionísio Torres, foi liberado pela Polícia Civil, na tarde de sexta-feira (25), após ser ouvido. Conforme informações obtidas no 4º DP (Pio XII), Massaharu Nogueira Adachi não ficou detido, porque não houve flagrante de um crime. O advogado dele afirmou à Polícia que ele seria internado, naquele mesmo dia.
O pai de três crianças, duas adolescentes e uma adulta, com idades entre quatro e 19 anos, prestou depoimento na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) durante a manhã da sexta-feira. Na tarde do mesmo dia, ele foi conduzido ao 4ºDP para dar explicações acerca das duas armas encontradas em seu imóvel.
Após a Polícia ter comprovado que o suspeito tinha registro legal das armas, Adachi foi solto. Ele saiu do prédio em um carro particular, sem escolta e na companhia de dois advogados. Conforme a delegada adjunta do Distrito Policial, Milena Moraes, devido a supostos problemas psíquicos apresentados por Massahuru Nogueira, a defesa se comprometeu a interná-lo em uma clínica psiquiátrica.
"Não temos como dizer se ele ameaçava as crianças. Ele não apresentou resistência e as armas foram apreendidas. Analisamos e verificamos que da nossa parte não havia mais procedimento para fazer. A Dececa deve continuar com o caso", disse Milena Moraes.
Os filhos do suspeito foram localizados por equipes da Polícia Civil e Conselho Tutelar de Fortaleza, na Rua Visconde de Mauá, após recebimento de denúncia anônima ao 'Disque 100'. Inicialmente, o Conselho Tutelar foi até a residência, no último dia 18 de agosto, e verificou a condição em que a família, incluindo a mãe das crianças, era mantida no imóvel.
Apurações
O casal e os filhos moravam num apartamento, em um residencial de propriedade do pai de Adachi. Segundo o relatório elaborado pelos conselheiros, o local não tinha móveis, apenas eletrodomésticos (fogão, geladeira e máquina de lavar), e todos os familiares dormiam em redes.
Esse relatório foi repassado à Defensoria Pública do Estado, que entrou com uma ação urgente de medida protetiva para acolhimento institucional dos seis irmãos. A juíza da 3ª Vara da Infância e Juventude, Mabel Viana Maciel, acatou o pedido e expediu o mandado judicial.
"Temos conhecimento de um cárcere privado e abandono intelectual. Essas crianças não teriam contato com familiares, amigos ou com o mundo externo. Não estudam, não frequentam a rede de saúde, não vão à escola, dois deles não têm sequer registro de nascimento civil. Há denúncia que o mais novo teria nascido em um parto dentro da própria residência. É uma situação bastante complicada, que causa perplexidade", afirmou a defensora pública Ana Cristina Teixeira Barreto.
As crianças também estiveram na Dececa prestando depoimento para que fosse instaurado um inquérito policial. "Essas crianças vão ser acolhidas, a partir de um requerimento que nós fizemos junto à 3ª Vara da Infância e da Juventude, e vão ficar em um local sigiloso de proteção. Vamos analisar se é o caso de colocar a guarda com os outros parentes, ou, se elas vão ser destituídas do poder familiar", revelou Ana Cristina Barreto.
No 4ºDP, Massaharu Nogueira Adachi contou que seus filhos não estavam mantidos em cárcere privado. Conforme o suspeito, desde o dia 5 de janeiro de 2017, ele optou por manter as crianças dentro de casa no intuito de as proteger de ameaças de morte. O homem afirmou que outros integrantes da própria família ameaçavam executar ele, a esposa e as crianças para ficar com a herança. Adachi não especificou de quem partiram as ameaças.
Para a Defensoria Pública, está comprovado que o isolamento da família corrobora os problemas psíquicos do suspeito. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o caso segue sob segredo de Justiça. A Dececa é responsável por dar continuidade e aprofundar as investigações.

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