quinta-feira, 21 de junho de 2018

O melhor lugar do mundo é bem ali no Crato; homenagem aos 254 anos da cidade


Letreiro vira ponto turístico na Praça da Sé. (Foto: Alana Maria)
Por Felipe Azevedo

Olha só que petulância. Um pernambucano que mora em Juazeiro escrevendo sobre o Crato. Pensei bem antes de recorrer a essa audácia, mas sim, eu posso. Moro no Cariri desde 1999, faça as contas. Daqui colhi boa parte do que sou hoje e, apesar de não ter perdido no tempo meu amor por Recife, me formei cearense e construo nessa terra a minha vida.

Crato faz nesta quinta-feira 254 anos. Dois séculos e meio refletidos nas casas antigas, nas ruas bucólicas do Centro e em todas as histórias que se ouve e se escuta nas músicas que fizeram para a cidade. Já torci muito o nariz, confesso. “Gente do Crato é gente besta, se acha”. É verdade, sim, mas há quem a finura não permite pisar no chão em todo canto desse mundo.

Chapada do Araripe. (Foto: Beto Amorim)
Crato, minha querida. Apesar de ser um amante e residente de Juazeiro, vejo em você um porto seguro (ou uma rota de fuga) quando a terra do Horto, cansada, dorme cedo e não  me oferece muito além de ruas silenciosas e vazias. Não que o silêncio noturno da cidade não me atraia, mas o agito e inquietude da juventude cratense tem algo especial.

Já ouvi dizer que quem é do Crato ama o lugar que veio. Cratense de verdade não quer nem saber de outro canto no mundo e sempre dá um jeito de voltar à cidade que dizem que é de açúcar.

Doce é, certamente, a Praça da Sé. Enorme, na sombra, a praça é o verdadeiro palco da cidade, de todas. A conversa com o pipoqueiro, a moça do churros, a filha do doutor, o jogo de dama dos velhinhos, o vagabundo... é plural, é vivo.


Um dia foi aldeia Kariri e não creio que tenha deixado de ser. A descendência secular do povo da mata ainda vive nas ruas de Crato, em cada praça, em cada marquise restaurada ou esquecida. Por onde passa o canal passa também a história da Terra de Alencar

Vida longa, então, ao Crato da RFFSA, do Pimenta, do Guanabara e do Casarão. Me espere assim, calma e fresca como os dias de julho. Porque, mesmo que eu caminhe quatros cantos desse mundo, sempre volto pra subir cansado tuas ladeiras e me esfriar tranquilo nas águas de tua nascente.    Fonte: Site Miséria

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