(FOTO: JL ROSA) |
A
terceira maior cidade cearense sofre, atualmente, com o desabastecimento
parcial da vacina antirrábica humana. Em Juazeiro do Norte - município
caririense com quase 260 mil habitantes -, quem for mordido por animais e
procurar tratamento contra a raiva humana pode não encontrar a vacinação. De
acordo com a coordenadora de Imunização do Município, Márcia Rejane, as doses
atuais não "estão suprindo 100% da demanda". Segundo ela, "às
vezes, falta vacina". Embora não seja de incidência predominante, a
imunização é imprescindível por se tratar de uma doença letal.
Como
medida paliativa, enquanto o envio das doses não é expandido para uma
quantidade satisfatória que atenda a toda a demanda, Rejane explica que o
Município está adotando o uso racional dos imunobiólogicos. "A
recomendação é fazer um diagnóstico assertivo para saber em quais ocasiões é
realmente necessária a aplicação das vacinas. Vale ressaltar que nem sempre,
quando uma pessoa é mordida por um animal, se faz necessária, obrigatoriamente,
a aplicação da imunização. Se o animal é passivo de observação, lavar o
ferimento com água e sabão é a primeira recomendação", detalha a
coordenadora. Em outros casos, porém, Rejane alerta ser urgente a aplicação das
doses, "como em episódios envolvendo animais silvestres, como soin e
morcegos, por exemplo, ou mordida por animais de rua".
O
limitado número de vacinas antirrábicas, em Juazeiro do Norte, motivou
inclusive o Ministério Público Federal a instaurar inquérito, em junho passado,
para apurar o desabastecimento na cidade. A reportagem do Sistema Verdes Mares
tentou contato, por telefone, com o MPF para saber qual teria sido o
desdobramento da investigação liderada pelo procurador da República Celso Leal,
no entanto, não obtivemos retorno.
REPASSE
DEFICITÁRIO
A
Secretaria da Saúde do Estado confirmou que o Ceará "vem recebendo
quantitativo reduzido de vacina antirrábica para atender às demandas", mas
minimizou afirmando ser um cenário semelhante ao "encontrado em todo o
Brasil". Em contrapartida, a Sesa garantiu que "as doses recebidas
pelo Ministério da Saúde (MS) em 2019 estão sendo normalizadas gradualmente, e
que o Estado possui estoque capaz de atender às demandas dos 184
municípios". Ainda conforme a Sesa, o Estado tem distribuído mensalmente
um quantitativo aproximado de 300 doses da vacina para cada uma das 22
Regionais de Saúde, que por sua vez, é responsável pela distribuição aos
municípios de abrangência.
A
diminuição da oferta da vacinação em Juazeiro do Norte começou a se acentuar em
2017. No ano seguinte, a Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT), da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, após análises de
abastecimento, da utilização do imunobiológico e da situação epidemiológica da
raiva, avaliou a necessidade de aquisição de 2,6 milhões de doses da vacina
para atender a demanda do Brasil.
Porém,
após consulta aos laboratórios produtores, foi possível firmar contrato apenas
com o Instituto Butantan para o fornecimento de 1,3 milhão de doses da vacina.
Esse déficit gerou atraso, neste ano, no repasse aos municípios de todo o País.
O
Ministério da Saúde informou, por meio de nota, no fim do mês passado, que
enquanto o impasse com o laboratório fornecedor da vacina antirrábica não é
solucionado, os municípios prioritários, isto é, aqueles que tiveram
confirmação de casos de raiva em animais, recebem normalmente as doses para a
realização de campanhas.
Diário do Nordeste
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