O presidente da República, Jair Bolsonaro. (Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo) |
O presidente Jair
Bolsonaro (PSL) disse nesta quarta (21) que ONGs podem estar por trás das
queimadas que atingem a Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo
atingi-lo. Ele, porém, não apresentou evidências das alegações.
O número de queimadas cresceu 70% neste
ano em todo o país e é o maior desde 2013. Os focos de incêndio têm um pico
nesta época do ano por razões climáticas, segundo o Metsul - contam
para a combinação a umidade do solo e questões meteorológicas.
No caso da Floresta Amazônica, porém, o
tempo seco não explica o aumento das queimadas, segundo especialistas.
"Todo fogo [na região amazônica] é de alguma forma iniciado pelo ser
humano", afirma o gerente do Programa Amazônia do WWF Brasil, Ricardo Mello.
De acordo com ele, historicamente o uso de fogo ocorre após o desmatamento da
área, que também vem crescendo nos últimos meses.
Ao ser questionado sobre as queimadas
na Amazônia, Bolsonaro respondeu: "O crime existe e nós temos que fazer o
possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de
fora, 40% ia para ONGs, não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a
falta de dinheiro. Pode estar havendo, não estou afirmando, a ação criminosa
desses 'ongueiros' para chamar a atenção contra minha pessoa contra o governo
do Brasil."
O presidente disse que está conversando
com os ministérios da Defesa e do Meio Ambiente para ver as providências que o
governo federal pode tomar para ajudar a sanar o problema. "Vamos fazer o
possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso, cada árvore
queimada eu sinto aqui em mim o que está acontecendo", disse.
Mais tarde, em congresso sobre aço,
Bolsonaro voltou a falar do tema e a criticar encontros mundiais sobre o clima
ao dizer que, "se fosse bom, o americano não teria saído".
"Nós, por enquanto, estamos lá. E,
se vamos sair um dia, depende de quem estiver ao nosso lado. Certas brigas eu
só posso comprar se tiver gente forte ao meu lado. Não tenho o poder que muitos
pensam que tenho. Gostaria que tivesse, não tenho. Até para revogar um decreto
sou amarrado", comentou.
Dados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o número de focos de queimadas
cresceu 70% este ano (até o dia 18 de agosto) na
comparação com o mesmo período de 2018 -- o número é o maior desde 2013,
primeiro ano em que há informações de período similar.
Segundo os números do Inpe, o bioma
mais afetado é o da Amazônia, com 51,9% dos casos. O cerrado vem em seguida com
30,7% dos focos registrados no ano. Em números absolutos, Mato Grosso é o
estado líder com 13.109 focos de queimada, seguido pelo Pará, com 7.975.
Corumbá (MS) é o município campeão em focos: 1.911.
O Inpe, que levanta os dados de
queimadas, foi alvo de críticas recentes de Bolsonaro. Ele acusou o órgão de
estar a serviço de algumas ONGs ao divulgar
dados que apontaram aumento do desmatamento na
Amazônia. O caso resultou na saída do diretor do Inpe, Ricardo
Galvão.
O programa de queimadas do Inpe conta
com recursos do Fundo Amazônia. Recentemente,
Alemanha e Noruega cortaram verbas que enviavam ao fundo em protesto contra o
aumento do desmatamento no bioma.
Fonte: UOL
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