domingo, 28 de março de 2021

Artista cratense homenageia mulheres catadoras com projeto de xilogravuras


Mais uma das inúmeras iniciativas beneficiadas pela Lei Aldir Blanc vem contemplando o território criativo, artístico e cultural no Cariri. Com intuito de homenagear e promover a importância do papel feminino nas diversas esferas sociais, um artista cratense desenvolveu xilogravuras, que contam um pouco da história e trabalho destas figuras que obtém sustento através da coleta de resíduos, no projeto chamado “Mulheres Catadoras”.


Carlos Henrique Soares, artista xilogravurista natural do Crato, é o idealizador do projeto. Na perspectiva imagética o escultor autodidata, que iniciou seus trabalhos com a xilogravura em cordel em meados de 1984, decidiu por representar o rosto de cinco mulheres do município. Contando através da arte, desde o detalhes nos traços e feições até a identidade visual da iniciativa, ele a realiza a obra em seu atelier e expõe pelas ruas da cidade, onde a história das catadoras é contada e retratada em meio ao fluxo urbano.


“A partir dos veios e falhas da madeira no processo de impressão de xilogravura, foram trabalhados conceitos como fragmentação e aproximação. Nesse processo surgiu essa forma, engrenagem, roda que faz referência ao trabalho importante para o futuro do nosso planeta realizado pelas mulheres catadoras e cooperativas de reciclagem”, conta Soares.


Lidando com o processo artístico, o escultor conta que a utilização da paleta de cores e formato visual foram bastante trabalhados para que pudesse tornar o resultado fidedigno a proposta, que se aproxima a tradição do cordel. O trabalho, que passou pelas esferas artesanal e digital, contempla um pouco da visão do autor quanto a importância do papel feminino na manutenção do ecossistema.


“As cores escolhidas fazem referência aos papéis utilizados nas capas dos cordéis, linguagem visual tradicionalmente reconhecida no Cariri cearense e no Nordeste. Um processo que surgiu digital, virou analógico e voltou pro digital”, completa.


Xilogravuras com o busto das catadoras de Crato. Foto: Divulgação

Mulheres catadoras


Maria, Eliane, Socorro, Ivone e Luciana são as personagens retratadas nas xilogravuras. Elas trabalha na coleta de materiais recicláveis em Crato, e são institucionalizadas pela Associação dos Agentes Recicladores do Crato (AARC), cooperativa de trabalhadores e trabalhadoras composta por nove participantes, situada no município.


As telas, que as retratam em busto, também exibem as problemáticas sociais e expõem a marginalização do trabalho e mão de obra, bem como problemas que assolam a realidade destas, tais como violência, feminicídio e preconceito, tendo uma função de resistência e de gatilho ao empoderamento, além do viés artístico idealizado pelo escultor.


O projeto, que além do autor possui identidade visual elaborada por Leonardo Soares, é beneficiado pela chamada “Lei Aldir Blanc”, através do Fundo Estadual de Cultura com recursos da Lei nº 14.017 de 29 de junho de 2020, encaminhado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará, Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo, pelo Governo Federal.


A iniciativa, exposta em muros pela cidade e no caminhão que realiza o transporte dos resíduos para reciclagem, também pode ser encontrada nas redes sociais, através da página no Facebook, ou pelo Instagram (@mulherescatadoras).


Sobre o artista


Carlos Henrique é escultor autodidata desde 1984, tendo atuado como xilógrafo oficial da Academia de Cordelistas do Crato, de 2000 a 2012, ocupando a cadeira de número 20. Ele também é criador do espaço Xilogravuristas do Crato (XICRA).


Sobre a AARC


A Associação dos Agentes Recicladores do Crato (AARC) foi fundada em 2005, e atualmente é presidade por Joaquim Francisco Silva dos Santos, que coordena a cooperativa de trabalhadores e trabalhadoras, composta por nove participantes. Apesar de fundada há mais de 15 anos, a atual gestão vem de pouco mais de 10

anos atrás.


A AARC tem uma parceria com a Prefeitura Municipal do Crato, que contribui com o caminhão para transporte dos materiais, a formação e o apoio institucional. Aquilo que é coletado e separado segue para uma indústria de reciclagem.


Fonte: Site Badalo

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