sexta-feira, 5 de março de 2021

'Não tem UTI. Amo vocês', diz mãe antes de morrer por Covid; conheça a história por trás do viral


"Eu vou pra UTI, só não tem vaga em lugar nenhum. Amo vocês", essas foram as últimas palavras da comerciante Valéria Zadorozny, que faleceu vítima em decorrência da Covid-19, para a filha mais velha, a assistente comercial Giulia Mariana. A mensagem foi compartilhada pela jovem de 23 anos nas redes sociais horas após a morte da mãe, na terça-feira (2), e viralizou.  


"Essa foi a última mensagem que tive da minha mãe. (...) Ela nunca vai ver eu me formar... Usem máscara, não saiam se não for necessário, por favor", apelou Giulia na publicação, que já teve mais de 129 mil curtidas e mais de 13 mil compartilhamentos no Twitter. 


Valéria, que tinha 42 anos, estava internada em decorrência de complicação da doença em um hospital público no município de Esteio, no Rio Grande do Sul. Ela enviou as mensagens no último sábado (27), enquanto aguardava pelo acesso a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).   


O estado da Região Sul enfrenta o problema da falta de leitos para o tratamento de complicações da doença, assim como em outras federações do País. A escassez é uma decorrência do agravamento da crise de saúde causada pela pandemia do novo coronavírus. Desde terça-feira, o Rio Grande do Sul opera com 100% dos leitos de UTIs adulto ocupados, conforme informações do governo estadual.  


O caso de Valéria ilustra a situação vivida no Brasil em decorrência da Covid-19. Nos últimos dias, o país registrou sucessivos recordes de mortes e se aproximou do número de 2 mil óbitos causados pelo novo coronavírus em 24 horas. 


A comerciante tinha diabetes e asma e começou a sentir os primeiros sintomas por volta do dia 14 de fevereiro, quando passou a tossir muito. Ao realizar o teste, dias depois, ela e o marido foram diagnosticados com a doença. O casal ficou isolado. Giulia, que mora com a avó em outra casa, relatou que a mãe chegou a ir algumas vezes às unidades de saúde, mas logo era liberada.  


"Os hospitais estavam cheios, então os profissionais de saúde viam alguma melhora nela e a liberavam para que outra pessoa pudesse ser atendida também", relembrou a jovem ao site Terra.  


A situação se agravou no dia 20 de fevereiro, quando os pulmões de Valéria foram duramente comprometidos pelo novo coronavírus. Ela foi internada na área de emergência de uma unidade de saúde pública.   


O quadro da comerciante piorou ainda mais no último sábado. Os profissionais de saúde orientaram que ela teria que ser encaminhada para uma UTI, mas diante do cenário de ocupação de 100% dos leitos vivido pelo Rio Grande do Sul, ela não conseguiu acesso a uma vaga.   


"Ligamos para hospitais, até do litoral, inclusive particulares, e nada. Havia um leito em um hospital de Santa Maria, mas era a cinco horas de viagem e os médicos avisaram que ela não aguentaria o trajeto", disse Giulia à BBC News Brasil.   


Segundo a família relatou ao Terra, Valéria adotava todos os cuidados necessários para que não fosse infectada pelo novo coronavírus. Os parentes acreditam que ela, que era dona de uma sorveteria na cidade de Esteio, tenha sido infectada pelo vírus enquanto atendia algum cliente.  


"As pessoas pouco se importavam. A minha mãe cansou de brigar com clientes (para que usassem máscara)", relatou Giulia ao site de notícias.


Fonte: Diário do Nordeste

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