domingo, 7 de março de 2021

Pacientes com Covid-19 de cidades vizinhas recorrem ao Eusébio para obter atendimento

Upa do Eusébio possui 11 leitos. (Foto: StreetView)

Moradores de cidades vizinhas a cidade de Eusébio que enfrentam dificuldades de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (Sus) têm recorrido à Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do município. A situação ocasionou, nesta sexta-feira (5), a superlotação dos únicos 11 leitos disponíveis para internações por Covid-19 na cidade.


Ao longo desse dia, sete dos 13 pacientes com o novo coronavírus que foram atendidos no equipamento eram de Aquiraz, Fortaleza (bairro Messejana) e Itaitinga. Todos não residentes foram transferidos para hospitais da Capital. Neste sábado (6), não houve novos registros.


Como não há Unidades de Terapia Intensiva (UTI) exclusivas para Covid-19 em Eusébio, os pacientes em estado grave são atendidos na própria Upa, que dispõe de estrutura adaptada. Atualmente, quatro pessoas com Covid-19 estão em máscara hospitalar com reservatório e quatro usam cateter nasal, totalizando oito internados no local.


Outros 50 residentes estão na rede do SUS, distribuídos em hospitais do Estado e de Fortaleza. A estrutura dessa Upa inclui 11 leitos adultos e três pediátricos. Dois deles estão na sala vermelha (casos mais críticos). Ao todo, 13 têm ponto de oxigênio para a utilização de máscara ou cateter. No remanescente, quando há necessidade, incorpora-se o cilindro envasado.


Cenário


O prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves (PL), comentou sobre a lotação registrada na sexta. “Tivemos um dia atípico a Upa do Eusébio, que vinha na média de 4 a 5 internações de pessoas por dia com Covid-19, e, de repente, tivemos 13 pessoas, sendo sete delas de municípios próximos, inclusive de Fortaleza”, relatou.


“Mesmo assim, toda a equipe médica e de paramédicos atendeu bem a todos. Não faltou nenhum item, nem medicamento, oxigênio, nem material médico-hospitalar”, complementou. O prefeito garantiu que o município está preparado para o atendimento de toda a população e pessoas de cidades próximas, caso necessário.


De acordo com o secretário da Saúde do Eusébio, Josete Malheiros Tavares, já é rotina do serviço regional receber pacientes de localidades vizinhas. “Com a questão da Covid-19 não é diferente. Temos feito a ampliação dos testes de swab (cotonete) e isso tem atraído moradores de outras cidades”, explanou.


“Já tivemos quatro semanas em que o número de exames por dia era mais da metade de outros municípios”, complementou. A busca pela testagem era oriunda, sobretudo, de Aquiraz, Itaitinga, Horizonte, Pindoretama e Beberibe.


Segundo o gestor, houve uma orientação aos municípios, que adotaram o mesmo padrão. Consequente, houve redução na busca local. Josete explica que Eusébio atua com a prevenção para evitar o colapso do sistema de saúde.


Dentre as medidas, estão o diagnóstico antecipado, com exames já no primeiro dia de sintoma e repetição em caso de resultado negativo, acompanhamento domiciliar e monitoramento dos casos suspeitos. Outra ação, afirmou, será a instalação de uma ala para Covid, no Hospital Dr. Amadeu Sá, com 10 leitos de enfermaria e 10 UTIs, a serem entregues essa semana.


“Temos dado esses passos, mas, daqui a uma semana, não saberemos como estará a situação. Essa é a ralidade do Brasil. Estamos planejando a médio prazo, mas a realidade do ‘front’ é matar um leão a cada dia. Realizamos um esforço conjunto para atender todos”, disse.


Em Eusébio, foram registrados quatro óbitos esse ano. Outros três estão em investigação. Casos confirmados são 2.965. O Diário do Nordeste solicitou detalhes à Secretaria da Saúde (Sesa) sobre essa possível peregrinação por atendimento e aguarda uma resposta.


Paciente tem direito ao atendimento em qualquer município


O vice-presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Rômulo Nogueira, explica que as Upas são voltadas exclusivamente para o atendimento do Sistema Único de Saúde (Sus) e os municípios não podem se negar a receber pacientes oriundos de outras localidades.


“Só pode ocorrer uma recusa quando não houver vaga”, frisou. “Se temos pacientes, quer seja do Eusébio ou outra cidade, que têm necessidade de deslocamento para conseguir um leito, é um momento que devemos pensar em todo o Estado e País e não deve haver exclusão”, disse.


“Logo, as Upas devem atender ao Sus e os pacientes devem e podem ser atendidos nessas unidades”, enfatizou. Quando o familiar do paciente tiver seus direitos violados, pode procurar por ajudar da Defensoria Pública ou Ministério Público.


Fonte: Diário do Nordeste

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