terça-feira, 23 de setembro de 2014

Operação Pipa corta rotas no Interior
Água cada vez mais escassa somada à burocracia do Estado inviabilizam programa em alguns municípios

Fortaleza. Com apenas 26,7% do total da reserva hídrica no Ceará, o baixo nível dos açudes compromete a atuação da Operação Pipa no Interior, desenvolvida pela Defesa Civil do Estado e Exército Brasileiro. Com os açudes cada vez mais afetados pela estiagem, tem sido necessário buscar água em mananciais ainda mais distantes para abastecer determinadas cidades, o que tem provocado a suspensão da distribuição em algumas localidades.

Segundo a Defesa Civil, que realiza a Operação Pipa nas sedes, pelo menos seis municípios estão sem receber água pelo programa, dos 52 atendidos atualmente pela instituição. São eles: Quixeré, Pacajus, Chorozinho, Maranguape, Fortim e Iracema.

Além destes, de acordo com o tenente coronel Cleyton Bastos, coordenador estadual da Defesa Civil, há outros em que a distribuição via carros-pipa foi paralisada, mas o militar não soube informar quais são.

Ainda de acordo com a instituição, cerca de 275 mil pessoas em todo o Estado dependem da água distribuída pela Operação atualmente. Desde o começo do ano, a Defesa Civil investiu R$ 5 milhões no atendimento.

O militar diz que, cada vez que um reservatório seca e torna-se necessário ir buscar água em outro mais longe, é preciso reformular o plano de trabalho de atendimento ao respectivo município. O procedimento se dá porque é necessário refazer o cálculo dos gastos, que aumentam conforme a distância do açude à sede municipal. A burocracia que envolve este processo, de acordo com Bastos, acaba gerando a suspensão temporária em algumas localidades.

Afora isto, o órgão vem gradativamente substituindo os prestadores do serviço, que hoje são empresas, por caminhoneiros independentes, no intuito de reduzir os custos da Operação.

A Defesa Civil trabalha com a distribuição de água potável nas áreas em que atua. Entretanto, neste ano houve colapso no abastecimento da sede de Irauçuba. Com a total falta de água na cidade, a instituição realizou procedimento emergencial para minimizar os danos à população. Para tanto, foram gastos R$ 939 mil na captação de água bruta, que passou por uma estação de tratamento (ETA), e deverá atender à população durante três meses. Para recorrer auxílio junto à Defesa Civil do Estado, os municípios precisam preencher formulário disponibilizado pela instituição, que deve conter a assinatura do prefeito e do Conselho Municipal de Defesa Civil.

Exército

Nas localidades das zonas rurais, a instituição responsável pela Operação Pipa é o Exército Brasileiro. Ao todo, 108 municípios estão sendo atendidos pelo programa, com 1.110 carros-pipa cadastrados. Em todo o Estado, cerca de 847 mil pessoas são beneficiadas. O coordenador da Operação do Exército, cel. Claudemir Rangel, diz que as solicitações das prefeituras são atendidas, mesmo sendo distante o ponto de captação ao local de abastecimento.

Sertão Central sofre com desabastecimento

Quixadá. Os carros-pipa nas rotas deste município da Operação Pipa paralisaram suas atividades. O motivo, segundo o coordenador do Conselho Municipal de Defesa Civil (Comdec), Rivaldo Leite, está na falta de um manancial com água considerada potável para abastecimento da população. O Açude Arrojado Lisboa, em Banabuiú, de onde a água estava sendo recolhida, atingiu cota inferior a 11%. O líquido está sendo considerado impróprio para o consumo humano. Outros dois municípios da região, Banabuiú e Solonópole, também foram atingidos pelo problema.

A alternativa para Quixadá, de acordo com Rivaldo Leite, foi recorrer à Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para outorga das águas do Açude Curral Velho, em Morada Nova, abastecido pelo Castanhão e atualmente com volume hídrico de 10,3 milhões de metros cúbicos, equivalente a 84,8% de sua capacidade. Rivaldo aguarda também a liberação de recursos financeiros adicionais para o Exército Brasileiro. Houve acréscimo de distância na rota para os pipeiros em mais de 40 quilômetros. "Há necessidade do Ministério da Integração fazer repasse de recurso adicional" explicou.

Em Solonópole, a situação é de mais alívio. Segundo o secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca, Francisco das Chagas Bezerra, desde o início do mês as comunidades rurais assistidas pela Operação Pipa estão recebendo água da barragem de Nova Jaguaribara. O número de veículos nas rotas do município monitorados pelo Exército também está aumentando, de 22 para 30.

Conforme uma das integrantes do Comdec de Banabuiú, a líder sindical Ana Maria Cavalcante, a água do Açude Arrojado Lisboa não está imprópria para o consumo humano. Ainda de acordo com Ana, os carros-pipa disponibilizados pela Defesa Civil do Ceará e pelo município continuam recolhendo água do Arrojado Lisboa.

A distribuição de água encanada para a cidade, através do Saae também é feita pela mesma fonte. Por enquanto não há nenhum risco para a população.

Mais Informações

Defesa Civil do Estado do Ceará

Núcleo de Resposta (responsável pela Operação Pipa)

(85) 3101-2115

Fortaleza-CE


Bruno Mota/Alex Pimentel

Repórter/Colaborado/DN

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