terça-feira, 24 de março de 2015


LIMOEIRO DO NORTE

Grupo preso por torturar e queimar homem vivo

24.03.2015

Segundo a Polícia, a vítima de 51 anos sofria de transtornos mentais e também foi obrigada a beber gasolina

Três homens, com idades entre 18 e 25 anos, estão presos em Limoeiro do Norte, a 198 quilômetros de Fortaleza, por suspeita de participação em um crime de homicídio com requintes de crueldade, cometido no ano passado. De acordo com as investigações da Polícia, eles teriam atraído e então espancado a vítima, um homem de 51 anos que sofria de transtornos mentais. Por fim, o obrigaram a beber gasolina e então puseram fogo no corpo dele, ainda com vida.
O trio foi preso após a deflagração da operação 'Graduados', que cumpriu três mandados de prisão temporária na última quarta-feira (18). Contudo, de acordo com o delegado titular da Delegacia de Limoeiro do Norte, Bruno Varela, a expectativa é que as prisões sejam convertidas em preventivas. Além disso, outras pessoas ainda são investigadas suspeitas de envolvimento no crime.
Crime
O livro 'Laranja Mecânica' (1962), de Anthony Burgess, narra eventos de extrema violência juvenil, em uma sociedade inglesa distópica do futuro. Contudo, as façanhas violentas dos personagens envolvidos na morte em questão caberiam perfeitamente nas páginas do romance.
Na noite do dia 8 de setembro de 2014, Jacinto Frederico de Sousa fora visto por parentes pela última vez próximo de casa. Dali, o homem seguiu, como costumava fazer, para um bar próximo. Embora portador de leves transtornos mentais, Jacinto De Sousa costumava beber na companhia de colegas.
No bar, Jacinto se envolveu em um desentendimento. Um outro homem, também embriagado, discutiu e houve troca de empurrões. Foi quando entraram em cena os suspeitos.
De acordo com o delegado, eles haviam feito uso de drogas como maconha e crack. Viram o desentendimento entre Jacinto e o outro homem e decidiram intervir. "Eles afirmaram em depoimento que queriam apenas dar um susto em Jacinto", revelou o presidente do Inquérito.
Como eram conhecidos da vítima, não tiveram dificuldades em convencê-la a deixar o bar. "Chamaram Jacinto para dar uma volta, e o levaram a um matagal pertencente ao campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará (IFCE), que fica próximo ao bar e às residências de todos eles", explicou o delegado Bruno Varela.
No local, o mais velho do grupo, de 25 anos, tomou à frente das ações, de acordo com a apuração policial. "Ele perguntou o motivo do Jacinto ter discutido com o outro homem. E então os empurrões viraram tapas, socos e logo se transformaram em pontapés", detalhou.
Na sequência, a violência sem motivo ganhou requinte de crueldade. "A vítima era conhecida na região por ser inocente, não fazia mal a ninguém, facilmente manipulável. Então os agressores o obrigaram a ingerir gasolina. Com ele ainda vivo, puseram fogo no corpo", relatou.
Jacinto foi dado como desaparecido por cinco dias. Apenas no dia 13 de setembro do ano passado o corpo foi encontrado. Entretanto, por estar em avançado estado de decomposição, além das várias lesões pelo corpo, foi necessária uma série de exames periciais, inclusive de DNA, para apontar a identidade da vítima. Apenas no mês de dezembro a Perícia confirmou que o cadáver pertencia a Jacinto.
As investigações seguiram e a Polícia chegou até os suspeitos. O grupo, que não teve as identidades reveladas para não atrapalhar as investigações, é conhecido da Polícia e os envolvidos respondem a processos por envolvimento com o tráfico de drogas.
"A vítima sofreu uma verdadeira sessão de tortura. Foi um episódio de violência gratuita, que chega a lembrar o livro Laranja Mecânica. Apenas um dos três presos confessa o crime. Mas não fornece detalhes. Dos outros dois, um disse que presenciou a cena. Mas temos elementos para acreditar que todos possuem participação no crime", afirmou Varela.
Levi de Freitas
Repórter

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