segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Política de prevenção a HIV não pode ofender as famílias, diz novo ministro


(Foto: Leonardo Prado)
Futuro ministro da Saúde na gestão de Jair Bolsonaro, o médico Luiz Henrique Mandetta afirma que o governo precisa voltar a estimular políticas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.

Ele afirma, porém, que o Estado tem que tomar cuidado para não ofender as famílias. "Vamos ter que ver a maneira como isso se dá sem ofender aqueles que entendem que isso possa ser uma invasão do Estado no seu ambiente familiar", disse à reportagem.

Mandetta faz ainda críticas à atual política de controle do HIV. "Temos que rever o padrão de comunicação. Essa linguagem claramente não está surtindo efeito."

O novo ministro diz que terá como prioridade a reorganização do atendimento na atenção básica e que deve rever o programa Mais Médicos.

Prioridades da gestão
Não é possível organizar o sistema sem partir da atenção básica. O SUS se municipalizou de forma muito irrestrita, deixando alguns municípios sem condições técnicas e pessoal suficiente para fazer a gestão desse sistema. Precisamos repensar os distritos sanitários brasileiros.

Vamos criar a secretaria nacional de atenção básica, e ali criar aspolíticas de recursos humanos e discutir como lotar médicos em locais de difícil provimento.

Avanço da Aids entre os jovens
Não só Aids, mas a sífilis está crescendo muito. Eu era jovem quando começou a epidemia de Aids. Aquela geração foi muito marcada por campanhas intensas do uso do preservativo, a Aids despertava muito medo. Com a evolução do tratamento, hoje as gerações acham que é coisa do passado e começam a relativizar e negligenciar o uso do preservativo.

Vamos ter que voltar essa agenda com as unidades básicas de saúde. São dois picos de aumento hoje: um entre jovens e outro após os 60 anos.

Político de prevenção do HIV
Temos que rever o padrão de comunicação [da política de prevenção do HIV]. Como falo sobre sífilis e Aids para um adulto jovem? A linguagem atual claramente não está surtindo efeito. Será que temos que fazer rodas de conversa? Será que temos que provocar as famílias para que elas discutam isso dentro de suas casas? Como dizer para esse jovem que a sexualidade é boa e deve ser exercida na sua plenitude, mas que há riscos que passam por essas doenças sexualmente transmissíveis?

E depois tem a prevenção, que é como se disponibiliza o preservativo. Vamos ter que ver a maneira como isso se dá sem ofender as famílias, sem ofender aqueles que entendem que isso possa ser uma invasão do Estado em seu ambiente familiar. Mas de alguma maneira temos que disponibilizar isso, tem que estar mais próximo das pessoas.   Folhapress

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