sábado, 27 de abril de 2019

Grupo de pessoas com deficiência protesta contra título de cidadã de Fortaleza a Michelle Bolsonaro

(Foto: Marcelo Camargo)

Grupo de pessoas com deficiência criou petição online contra a decisão da Câmara Municipal de Fortaleza de homenagear a primeira-dama do País, Michelle Bolsonaro, com o título de cidadã de Fortaleza. Ela é intérprete de língua brasileira de sinais (Libras) e, desde antes de o marido assumir a Presidência, se colocava como ativista pelos direitos de pessoas com deficiência auditiva.

Na posse de Jair Bolsonaro (PSL), ela discursou por meio dos sinais. Contudo, os responsáveis pela petição argumentam que o Governo Federal está paulatinamente desarticulando políticas históricas deste segmento.

“Aquele discurso foi encarado como uma estratégia de marketing. Na prática, ele não traria um retorno efetivo para a comunidade surda”, criticou Victor Vasconcelos, jornalista e autor da petição junto com o colega, Flávio Arruda. Ambos são deficientes físicos e militam pelo segmento.

Expectativas
De acordo com Vasconcelos, o discurso de Michelle na posse criou a expectativa de que o País se tornaria mais inclusivo pela presença de alguém sensível à causa próximo ao núcleo dirigente da União.

Contudo, ele argumenta contra a homenagem ressaltando que, logo após a posse, Bolsonaro acabou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), criada para fortalecer a atenção a grupos historicamente excluídos da escolarização.

Os organizadores da petição atacam ainda a extinção do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), que também assistia pessoas do segmento. “O governo recua o país 40, 50 anos na história ao excluir a sociedade civil organizada das políticas públicas, uma atitude com claro viés ditatorial e anti-povo”, aponta o texto que introduz a petição.

“Por fim, o governo Bolsonaro sinaliza o fim do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo a idosos acima de 65 anos ou pessoa com deficiência de qualquer idade, cuja renda seja menor que um quarto salário do salário mínimo”, conclui o autor.

Vasconcelos ainda pondera. Para ele, o presidente está tomando atitudes pontuais que têm atraído o interesse da comunidade, por exemplo, ao anunciar que uma pessoa surda comandará a secretaria que substituirá a Secadi, além de nomear outras pessoas com deficiência a cargos no Governo. “Ele está tomando medidas pontuais e escolhendo pessoas representativas da categoria para dar uma mensagem de que estão atuando, uma espécie de cala a boca, não reclamem”, pontuou.

"Mulher comum"
Para a vereadora Priscila Costa (PRTB), autora do projeto de lei que concede a homenagem, a petição é "muito insignificante" para ganhar espaço. Ela ressaltou que a proposta do título foi aprovado por ampla maioria dos vereadores da Capital. De acordo com a parlamentar, a rejeição à homenagem é preconceituosa. 

"O 'esquerdomachismo' valoriza as mulheres como revolucionárias, como submissas às cartilhas ideológicas e partidárias, que não é o caso de uma mulher brasileira que é mãe, devota e esposa. Ela é comum demais para esquerda, mas o Brasil é feito de mulheres comuns", disse.   O Povo

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