quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Delator preso pela Lava Jato lavou dinheiro para o Grupo Sílvio Santos


O operador financeiro Adir Assad, preso e depois delator da Lava Jato, afirma que lavou milhões de reais para o Grupo Silvio Santos por meio de contratos fraudados de patrocínios esportivos. Apesar de o nome do apresentador Silvio Santos não ter sido mencionado, o esquema teria a participação de Daniel Abravanel e o uso da empresa que comercializa a Tele Sena.

As afirmações estariam em anexos do acordo de colaboração premiada firmado com integrantes da Lava Jato. Os depoimentos foram compartilhados entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF), obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados em conjunto com a Folha de S. Paulo.

Segundo os relatos compartilhados, o esquema funcionou em duas épocas. Assad delatou que teria firmado contratos superfaturados de patrocínio entre as empresas e pilotos de corrida, como a Fórmula Indy, no fim dos anos 1990. À época, ele já se relacionava com Guilherme Stoliar, que hoje é presidente do Grupo Silvio Santos.

A operação teria movimentado R$ 10 milhões no período, de acordo com estimativa do delator. Assad relatou que o SBT tinha necessidade de fazer um caixa paralelo, mas não sabe dizer com qual finalidade. Já os pilotos patrocinados "apenas viabilizavam espaços de publicidade" e não eram cientes das irregularidades nas operações.

A segunda fase teria começado após acerto feito com Daniel Abravanel e com o pai dele, Henrique Abravanel, irmão de Silvio Santos. A partir de meados dos anos 2000, Assad teria feito contratos de imagem e de patrocínio na Fórmula Truck e transferido aos esportistas uma pequena parte dos valores contratados. O restante seria devolvido ao SBT.

A Liderança Capitalização, empresa responsável pela Tele Sena, teria pago, segundo documento elaborado na delação, ao menos R$ 19 milhões para uma das firmas do operador, a Rock Star, de 2006 a 2011.

Adir Assad foi preso pela Operação Lava jato em 2015 e e condenado em quatro ações no Paraná e no Rio de Janeiro por crimes como lavagem de dinheiro e associação criminosa. Seu acordo de colaboração previa ao pagamento de R$ 50 milhões. Ele deixou a prisão em outubro de 2018e hoje é obrigado a ficar em casa à noite e nos fins de semana. 

Ao se tornar delator, Assad teria admitido irregularidades e, em relatos já tornados públicos, se definiu como um “gerador de caixa” para grandes empresas, sobretudo empreiteiras. De praxe, entregava o dinheiro para os contratantes sem saber o que cada um faria com os valores providenciados.

Outro lado
Procurados pela reportagem da Folha de S. Paulo, o SBT e o Grupo Silvio Santos afirmaram em nota que, “por desconhecerem o teor da delação” de Adir Assad, não podem se manifestar a respeito. “Aproveitamos para enfatizar que as empresas do GSS sempre pautaram suas condutas pelas melhores práticas de governança e dentro dos estritos princípios legais”, diz trecho do comunicado.
Os advogados de Adir Assad não comentam os termos do acordo de colaboração do operador financeiro.                O Povo

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