segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Voluntário abriga 40 refugiados venezuelanos no Ceará

Venezuelanos no Centro exibem cartazes na
rua pedindo ajuda. (Foto: Helene Santos)

Resgatados em maio deste ano de situação de vulnerabilidade por estarem vivendo em pequenos cômodos em condições precárias no Centro de Fortaleza, cerca de 40 refugiados venezuelanos, índios da tribo Warao, vivem, desde junho, em um imóvel localizado em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O local foi cedido por um voluntário — que pediu para não ser identificado — após se deparar com uma das famílias pedindo dinheiro em uma rua da capital cearense.

De acordo com o homem, que recebe ajuda também de outras pessoas da região, inicialmente 20 pessoas chegaram para morar no galpão de grande extensão que foi alugado para eles.

“Eram três famílias no começo. Quando eles chegaram lá, começaram a ter ajuda e assistência, eles acabaram conseguindo se comunicar com outros familiares deles que estão em outras partes do Brasil como Natal (RN), Belém (PA) e em municípios de Roraima. Alguns conseguem vir para cá. Caso eles queiram levar outros refugiados para lá, a única coisa que pedi é que eles tenham espaço para colocar eles”, afirma o voluntário.

Ele destaca que todos os abrigados já fizeram a solicitação de refúgio. Alimentação, produtos de higiene e vestimentas são obtidos através de doações, e o galpão foi equipado com geladeira, fogão e ventilador.

O homem explica que estabeleceu um trato com os venezuelanos. Ele lhes garante o espaço para dormir e realizar as atividades do dia a dia, dá assistência conforme for possível, incluindo mediações para se comunicar em português; enquanto isso, o grupo tenta conseguir seu próprio sustento.

“Muitos procuram trabalhar, mas eles só arranjam ‘bicos’ e não conseguem muito dinheiro, então não é possível se manterem sozinhos”, diz. Embora promessas de trabalho sejam feitas, a falta de documentação dificulta o processo. Por isso, o grupo continua pedindo dinheiro nas ruas, na tentativa de completar a renda. “Enquanto eles estiverem aqui e precisando, a gente vai fazer o possível. É tudo com nosso recurso próprio”.

Nascimento
Mais recentemente, em agosto, o grupo de refugiados e a comunidade que os ampara deram as boas-vindas a um novo membro da tribo Warao: a pequena Larissa, que nasceu no distrito de Jurema, em Caucaia. Sua mãe já estava grávida quando foi abrigada no Ceará, porém, o fato só foi descoberto aos sete meses de gestação. Voluntários deram o apoio necessário para que fosse realizado o pré-natal, e mãe e filha foram acompanhadas até o dia do parto, que aconteceu no Hospital e Maternidade Santa Terezinha.

“Ela é uma cidadã brasileira, caucaiense. O nascimento de filhos, para eles, é algo que garante mais respeito tanto para o homem quanto para a mulher. Quanto mais filhos, mais respeito. Eles dão muita prioridade para as crianças, e esse casal já tinha dois filhos”, revela o voluntário. A Polícia Federal autorizou o registro da menina, que já tem certidão de nascimento.

Para ele, o único desejo da comunidade que ajuda os refugiados era de que a menina nascesse com saúde, e tivesse a assistência necessária, o que não seria possível se estivessem fora do abrigo. “Ela teve um bom atendimento na maternidade, toda a equipe foi bastante atenciosa. Quando a gente viu que ela tinha nascido, para nós, foi um momento muito gratificante, por saber que ela estava indo para casa e que teria comida, um teto, uma rede pra dormir”.

Suporte
Em nota, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) informa que está atendendo seis núcleos familiares residindo em Caucaia, três deles chegados recentemente a Fortaleza, e todos com apoio de um grupo de voluntários. A pasta ressalta que nenhum deles está com emprego formal, uma vez que ainda não têm a documentação necessária para isso.                    G1 CE

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