terça-feira, 30 de junho de 2020

65% das escolas públicas do Ceará têm falhas no saneamento básico, aponta levantamento

Esgoto corre a céu aberto em frente a escola EEFM Santo Amaro no bairro Bom Jardim. (Foto: Thiago Gadelha)
Com base nos dados do Censo Escolar 2019, a instituição Melhor Escola concluiu que 65,56% das unidades escolares municipais e estaduais do Ceará têm falhas na rede de saneamento básico. Segundo o levantamento, 3.905 das 5.955 escolas públicas não possuem a estrutura completa.

Este cenário, contudo, é inferior no setor particular, já que de 1.653 colégios mapeados, apenas 299 mostram condições similares.

O levantamento indica que 4,8% das escolas mantidas pelas gestões públicas carecem de água potável. Em relação à falta de tratamento de esgoto, o número é ainda mais acentuado: 65,56%. Outras 20,6% não contam com coleta de lixo regular.

Para o sócio-fundador da Melhor Escola, Juliano Souza, é preciso que esses gargalos sejam avaliados antes da retomada das atividades presenciais nos estabelecimentos de ensino.

“Existe essa preocupação com o saneamento básico para essa volta ser mais segura. Esses números mostram que a rede particular está mais preparada do que a rede pública”, pondera. 

A partir dessa necessidade de análise da situação de cada escola, ele defende que sejam identificadas as unidades que apresentam o saneamento adequado, ao mesmo tempo em que haja investimentos na compra de materiais de higiene pessoal e na orientação do distanciamento social. 

“Vai haver maior restrição de alunos no prédio sem saneamento ou fazer algum investimento para solucionar esse problema ou pensar em utilizar outros prédios”, sugere, e completa: “sei que não é simples fazer tudo isso, mas tem que ter formas de verificar, pois há muitas possibilidades”. 

A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) comunicou, em nota, que "está em fase de planejamento para o retorno às atividades presenciais". Eliana Nunes Estrela, titular da Pasta, já havia detalhado que a volta às aulas presenciais irá considerar a condição sanitária dos municípios, as especificidades de cada etapa de ensino e a garantia de verbas para estruturar as demandas de higienização. 

Ainda por meio de nota, a Seduc justificou que o Censo Escolar do ano passado apontou que 99% das escolas da rede pública mantidas pelo governo local têm tratamento de esgoto. “Com relação à água potável, a Secretaria informa que as escolas contam com esse serviço”. 

Problemática 
A EEFM Santo Amaro, no Bom Jardim, em Fortaleza, é uma das unidades onde o esgotamento sanitário não existe. “A escola fica entre duas ruas, nenhuma tem sistema de esgoto. A frente da escola fica pra Rua Nova Conquista, mas a água toda que sai da pia da cozinha é jogada na rua de trás”, explica o diretor do colégio, Marcos Matias. 

De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), uma equipe técnica será enviada ao endereço da escola para fazer um estudo planialtimétrico, capaz de atestar a possibilidade de interligá-la à rede de esgoto disponível na região. 

Enquanto o problema não é solucionado, o gestor Marcos Matias lamenta os impactos da falta do serviço. "Quando entope, tem que fazer um trabalho preventivo nas instalações internas, aquele mau-cheiro daquela água que deveria ir direto para o esgoto acaba voltando e minando alguns pontos da escola”, conta.             G1 CE

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