segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Floresta do Araripe é cenário de assaltos, visitas irregulares e extração ilegal de madeira

(Foto: Frederico Holanda Bastos)
A falta de segurança na Floresta Nacional do Araripe (Flona Araripe), evidenciada por ocorrências de assaltos a trilheiros nos últimos dias, visitas irregulares, extração ilegal de madeira e aumento da caça de animais silvestres, fez a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Crato, junto de associações de condutores e guias de turismo, exigir uma maior fiscalização pelos órgãos responsáveis. Entre as solicitações encaminhadas, pede a criação de um posto avançado da Polícia Militar Ambiental no local.

Um ofício encaminhado ao Comando Geral da Polícia Militar, ao Governo Municipal e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), emitido no início do mês, solicita que busquem ações para coibir a ocupação indevida da Flona e intensifique a fiscalização na ocupação da antiga “Casa dos Guardas”, local preferencialmente ocupado pelos visitantes.

Apesar de estar em Fase 4 Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas, as visitas à Flona Araripe estão proibidas, mas trilheiros e ciclistas insistem em ir até lá. Sem fiscalização ou acompanhamento, as ocorrências têm crescido.

No último dia 30 de agosto, quatro jovens realizavam uma trilha na Flona quando foram abordados por dois homens, um deles armado com uma faca. O grupo, que estava de forma irregular no local, teve tês aparelhos celulares roubado. 

Espaço 
O presidente da Associação dos Guias de Turismo do Cariri Cearense (AGTURC), José Rodrigo Marques da Hora, conta que, apesar dos serviços estarem parados, as pessoas estão se sentido à vontade para frequentar o espaço sem acompanhamento que possa oferecer a mínima segurança. 

“Isso passa a ser um risco. O que mais incide também são pessoas que se perdem na Flona. Ano passado tivemos registro de quatro pessoas perdidas. A orientação é que toda visita seja registrada no ICMBio, que pelo menos saberá que existe alguém na floresta”, recomenda. 

Mesmo com ida irregular de visitantes, Rodrigo acredita que o ideal seria que os órgãos intensificassem a fiscalização, mas isso esbarra na própria pandemia. 

“As forças de segurança tiveram que ser redirecionadas. Existe a dificuldade no efetivo para cumprir a demanda da própria pandemia, principalmente sobre as pessoas desrespeitando o isolamento social, as aglomerações”, acredita. 

Apoio 
Como se trata de um problema de segurança pública, o ICMBio buscou acompanhamento dos órgãos de segurança, enquanto concentra seus técnicos na fiscalização da parte ambiental, como o combate a incêndios florestais e extração irregular de madeira. 

“Com a pandemia, aumentou muito a caça e isso tem causado alguns transtornos para nós. Conseguimos identificar de desmontar armadilhas em cerca de 50 pontos, mas não localizamos os responsáveis. Fizemos uma operação e houve algumas autuações por apreensão de fauna e extração irregular de madeira”, conta o  chefe do Núcleo de Gestão Integrada ICMBIo no Araripe, Carlos Augusto Pinheiro. Sete servidores trabalham neste acompanhamento. 

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Territorial de Crato (Semadt), Brito Júnior, conta que sua pasta também dá apoio aos órgãos ambientais para realizar vistorias conjuntas para suprir o pouco efetivo. “Estamos estabelecendo rotas do turismo e das unidades de conversação para priorizar ações fiscalizatórias no interior delas”, disse. 

Já o titular da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico Sustentável (Seturdes), Carlos Eduardo Marino, ressalta que há 15 dias começou a preocupação com a segurança no local. “Embora a recomendação seria não permitir, a população está fazendo e isso gera problemas de segurança e sanitários”, pondera. Por isso, em parceria com a guarda civil e Polícia Ambiental, além de dois educadores sociais, estará enviando equipes pelo domingo de manhã, que costuma ter mais visitantes. 

Há dois anos, acontece o “Domingo na Trilha”, projeto da própria Seturdes com apoio da Polícia Ambiental e do patrulhamento da Flona, que incentiva roteiros científicos e ecológicos na área da Chapada do Araripe. Porém, a ação foi interrompida por causa da pandemia. “Esperamos a evolução para próxima fase para liberar e incentivá-la”, antecipa Eduardo. 

A nossa equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) e a Polícia Militar, questionando o número de ocorrências na Flona Araripe e as ações realizadas para garantir a segurança naquela área, mas até a publicação desta matéria, não tivemos retorno.
Fonte: Diário do Nordeste

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