terça-feira, 20 de abril de 2021

Cariri registra 348 casos e dois óbitos por covid entre grávidas


O Cariri ocupa a terceira posição em quantidade de mulheres que foram infectadas pelo novo coronavírus durante a gravidez no Ceará, segundo boletim epidemiológico recentemente divulgado pela secretaria estadual de Saúde. O Estado fica atrás apenas de São Paulo, em número de casos confirmados em gestantes, com 2.142 registros. Deste total, 348 mulheres grávidas contraíram a covid-19 em 25 dos 29 municípios caririenses - apenas Abaiara, Araripe, Granjeiro e Tarrafas estão fora da lista. 


Com 102 confirmações, Crato é a cidade da região e a quarta em nível estadual com maior número de grávidas infectadas pelo novo coronavírus, atrás apenas de  Fortaleza (602 casos), Sobral (358) e Caucaia (175). Na sequência, entre as cidades caririenses com maior quantidade de confirmações, estão Caririaçu, com 87 casos, Juazeiro do Norte, com 40, além de Brejo Santo e Farias Brito, que somam 17 e 16 casos, respectivamente. Duas grávidas que aguardavam o nascimento do filho perderam suas vidas em decorrência da covid-19, ambas da Coordenadoria Regional de Saúde de Brejo Santo, que reúne, ainda, os municípios de Abaiara, Aurora, Barro, Mauriti, Milagres, Jati, Penaforte e Porteiras. 


O primeiro caso de grávida infectada pelo novo coronavírus no Cariri ocorreu na 17ª semana epidemiológica da pandemia, enquanto a maior quantidade de confirmações foi registrada na 44ª semana. No Ceará, o quadro clínico de 2.065 mulheres evoluiu para cura, enquanto 35 perderam a batalha contra a covid-19. No cenário estadual, as grávidas com idade entre 25 e 29 anos (24,7% dos casos) foram as principais afetadas, seguidas de 20 a 24 anos (23,4%) e de 30 a 34 anos de idade (21,6%). 


Já entre os óbitos, as maiores vítimas tinham de 30 a 34 anos (37,1%). Diabetes, cardiopatia e obesidade são as principais comorbidades associadas às mortes, enquanto entre as mulheres curadas destacam-se cardiopatia, diabetes e hipertensão arterial. Os dados são referentes ao início da pandemia, em março de 2020, até 31 de dezembro. De acordo com o boletim epidemiológico sobre covid-19 entre grávidas, a pandemia tem se propagado de modo acelerado em toda a população. Este cenário tem impacto direto “na morbimortalidade em gestantes e puérperas, especialmente as consideradas de alto risco” e tem contribuído para elevar as atuais taxas de mortalidade materna no Ceará.


A publicação cita, ainda, que a alta velocidade de disseminação do coronavírus  “assinala que as gestantes necessitam de uma atenção especial, principalmente por serem mais vulneráveis a contrair infecções quando comparadas ao grupo de gestantes de risco habitual”. Ainda conforme o boletim, “essa vulnerabilidade foi observada em epidemias anteriores, servindo de referência para reafirmar o risco no grupo de mulheres. Diante deste contexto, reforça-se a necessidade de que as gestantes demandam particular atenção, necessitando, ainda, de maiores investigações para identificar acometimento e as intercorrências em tempo oportuno”, afirma o documento.


Cuidados especiais


A médica Carla Janieire, que atua em Juazeiro do Norte, esclarece que a covid-19 pode agravar o quadro gestacional da mulher. Ela detalha que o sistema imunológico da gestante “está em fase de adaptação para a proteção do seu bebezinho”, o que torna o quadro clínico ainda mais vulnerável a doenças como a causada pelo novo coronavírus. “Ainda não existem muitos estudos e comprovação científica, mas o tratamento para grávida deve ser ponderado, deve ser de acordo com a sintomatologia e sempre pesando o risco-benefício”.


Ainda conforme a Carla Janieire, as grávidas que apresentem comorbidades, como diabetes e pressão alta, têm chance maior de desenvolver tromboembolismo, alterando o fluxo sanguíneo. “Então, é mais um motivo para observarmos bem essa paciente que tenha quadro de covid-19, que necessite de internamento para que ela faça o uso de anticoagulante”. Assim, os cuidados devem ser redobrados e a principal orientação da médica é evitar o contato social. 


Quem não puder evitar, a exemplo de trabalhadoras, devem manter medidas como distanciamento, uso de máscara (sobretudo a N95) e álcool em gel. Já para as mulheres que pensam em engravidar durante a pandemia, a médica aconselha a pesar o custo-benefício. “Infelizmente, não temos como parar esse momento. Ela deve pesar o risco benefício: idade, como está esse momento para ela, se ela deve mesmo engravidar agora, ou se ela tem tempo para esperar engravidar quando tudo isso passar ou pelo amenizar”, conclui a médica.


Fonte: Jornal do Cariri

Nenhum comentário:

Postar um comentário