quarta-feira, 27 de abril de 2022

WhatsApp diz a Bolsonaro que acordo com o TSE não interferiu em decisão de adiar nova ferramenta


Representantes do WhatsApp disseram ao presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (27 de abril de 2022) que a decisão da empresa de adiar a implementação de uma nova ferramenta - o recurso Comunidades - não foi influenciada pelo acordo das redes sociais com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Bolsonaro e representantes do WhatsApp se reuniram no Palácio do Planalto. O encontro, inicialmente, não foi divulgado na agenda do presidente.

 

O recurso Comunidades permitirá o encaminhamento de mensagens a milhares de destinatários. O WhatsApp já havia informado que a ferramenta só vai valer no Brasil após as eleições de outubro.


Redes sociais e aplicativos de mensagens, como WhatsApp, estão no centro da discussão sobre combate a informações falsas nas eleições.

 

As principais plataformas fecharam acordo com a Justiça Eleitoral para adotar medidas contra a disseminação de conteúdo deturpado.

 

Há duas semanas, durante um evento em São Paulo, Bolsonaro disse que o WhatsApp não seguiria o acordo com a Justiça Eleitoral. O presidente e seus aliados são contra as regras e argumentam que defendem a "liberdade de expressão".

 

Na época da fala do presidente, o WhatsApp havia anunciado o novo recurso, mas disse que só seria aplicado no Brasil após as eleições.

 

Isso indignou Bolsonaro e seus aliados, que fazem das redes sociais o principal meio de busca por votos.

 

Após a reunião no Palácio do Planalto, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, que também participou do encontro, deu uma entrevista coletiva.

 

"Tivemos reunião agora com o presidente da República e representantes do Whatsapp e da Meta [controladora do WhatsApp] para esclarecimentos do que foi amplamente veiculado na imprensa, nas redes sociais. E o Whatsapp deixou claro, a Meta também, que em nenhum momento atendeu pedido do TSE para que fosse feitas essas mudanças em relação as comunidades apenas após as eleições. Isso não houve. Eles tomaram uma decisão global, olhando concorrentes, mercado mundial", explicou o ministro.

 

Em nota, o WhatsApp confirmou que explicou a Bolsonaro a implementação do recurso comunidades.

 

"É importante ressaltar que a decisão sobre a data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", disse o WhatsApp na nota.

 

"Continuaremos a avaliar o momento exato para o lançamento da funcionalidade no Brasil e comunicaremos a data quando estiver definida. Reafirmamos que isso só acontecerá após as eleições de outubro", completou a empresa.

 

Acordo com o TSE

Faria afirmou que o encontro foi um pedido de Bolsonaro e durou cerca de uma hora. O presidente desejava entender os termos do acordo firmado entre Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Segundo o ministro, Bolsonaro, ao ler na imprensa sobre o adiamento da estreia das comunidades no Brasil, entendeu que o WhatsApp concordou com um pedido do TSE, o que foi negado pela empresa na reunião.

 

"Depois que ele [Bolsonaro] ouviu isso, ele entendeu completamente sendo uma decisão da empresa, é uma decisão do mercado", disse Faria

 

O TSE formalizou em fevereiro parcerias com as plataformas digitais para combater a desinformação e a disseminação de notícias falsas que possam atingir as eleições de outubro. Firmaram o acordo Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai.

 

No acordo, as plataformas se comprometeram a desenvolver filtragens para identificar informação enganosa e remover o conteúdo que violar regras. No caso do WhatsApp, o memorando não menciona o calendário da ferramenta comunidades.

 

No anúncio da ferramenta, Dario Durigan, gerente de políticas públicas do WhatsApp no Brasil, afirmou que a decisão de adiar a estreia do recurso até depois do segundo turno das eleições era um caso de "cautela".

 

“É uma medida de cautela para não haver nenhum ruído em um ano de eleição, um ano complicado”, explicou Durigan na ocasião.

 

Fonte: g1

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