Uma
equipe de pesquisadores visita, na tarde desta quinta-feira (25), o distrito de
Itaguá, em Campos Sales, município caririense a cerca de 490 km de Fortaleza,
onde está sepultado o corpo de Bárbara Pereira de Alencar, heroína da Revolução
Pernambucana de 1817, avó do escritor José de Alencar, tida como a primeira
presa política do Brasil. O objetivo é exumar seu corpo para fazer uma
reconstituição gráfica de seu rosto.
A
ideia partiu do presidente do Instituto Cultural do Cariri (ICC), o advogado
Heitor Feitosa, que entrou em contato com o também advogado e pesquisador
cearense José Luís Lira, que já participou de trabalhos semelhantes, como as
reconstituições do rosto de Santa Paulina e de Santa Maria Magdalena. “A partir
disso teremos uma ideia mais exata de como era a face de dona Bárbara. As
imagens que conhecemos até então são imaginárias. São pinturas que o Oscar
Alencar criou", justifica Heitor.
O
grupo esteve ainda nesta manhã na Câmara Municipal de Campos Sales explicando
como funcionará o procedimento para os vereadores e para os moradores da
cidade. “Nada que tem lá será retirado. Seguiremos todos os protocolos
científicos. Não há nada ilícito”, ressaltou José Luís Lira. Porém, o dia exato
da exumação ainda não está definido.
Luís
explicou que este trabalho já é feito há algum tempo. “Antes de completar cinco
anos (de sepultamento), a exumação tem que ser com autorização judicial. Depois
de cinco anos, a autorização é do diretor do cemitério. Como não está em
cemitério e sim numa capela, procuramos a Diocese. Mandamos a proposta, carta
de apresentação e o bispo concordou”, justifica.
A
equipe abrirá a urna, todos portando máscaras, porque o corpo pode ter alguma
bactéria. As pessoas podem acompanhar de uma certa distância. “Primeiro, vamos
verificar o crânio e ver se é possível ou não. Se tiver só a parte de cima, sem
olhos, nariz, não é possível. Até sem mandíbula já pode ser feito”, conta. Os pesquisadores
fotografarão o corpo e o encaminharão para o renomado designer 3D Cícero
Moraes, responsável por reconstituições faciais famosas como de Santo Antônio
de Pádua e Dom Pedro I.
Trajetória
Nascida
na Fazenda Caiçara, em Exu (PE), Bárbara de Alencar se mudou, ainda jovem, para
o Crato, onde trabalhou como comerciante. Ela foi uma das lideranças da
Revolução Pernambucana no Ceará, movimento emancipacionista que eclodiu em 1817
e lutava pela separação do Brasil de Portugal. Graças a sua participação, foi
presa e torturada em uma das celas da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.
Por isso, é considerada a primeira prisioneira política do Brasil.
Depois,
também participou da Confederação do Equador (1824), movimento separatista e
republicado que proclamou a independência de algumas províncias do restante do
país. Bárbara é mãe dos também revolucionários José Martiniano Pereira de
Alencar e Tristão Gonçalves e avó do escritor José de Alencar. Após peregrinar
fugindo da perseguição política, a comerciante morreu em Fronteiras (PI), e foi
sepultada em Campos Sales, cidade vizinha. G1 CE
Nenhum comentário:
Postar um comentário