(Foto: Antônio Rodrigues) |
O Projeto de Integração da Transposição
do Rio São Francisco (Pisf) teve início em 2007 com a proposta de garantir
segurança hídrica para mais de 12 milhões de nordestinos em 390 municípios no
Ceará, Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte, estados historicamente
vulneráveis à seca. No entanto, mais de uma década se passou e as águas do
Velho Chico ainda não chegaram a todos os destinos programados inicialmente.
Somente no Ceará, que deve ser o último
a receber as águas, oito prazos já foram estabelecidos, contudo, nenhum deles
foi cumprido. A grande incógnita é o fato das águas já terem chegado em estados
vizinhos como Paraíba e Pernambuco, mas ainda não em solo cearense. A chefe de
gabinete da Secretaria Nacional de Segurança Hídrica do Ministério do
Desenvolvimento Regional, Mariana Prado Franceschi de Andrade, minimizou a
questão. Em palestra conferida no 3º seminário Água Innovation -
Sustentabilidade e Eficiência Energética, na tarde de ontem (20), em Fortaleza,
Mariana informou que a explicação reside nos "entraves"
experimentados no Eixo Norte - porção da obra que inclui o Ceará. Ela recordou
o abandono por parte de duas construtoras, uma delas a Mendes Júnior - que
alegou incapacidade financeira -, e destacou que o episódio acarretou num
período de paralisação das obras no Eixo Norte. Caso não tivesse ocorrido
nenhum "imprevisto", avalia Mariana, as águas do Rio São Francisco já
estariam correndo no Estado.
Agora, o Ministério do Desenvolvimento
Regional (MDR) definiu para 30 de agosto o início do bombeamento das águas do
reservatório Negreiros, no município de Salgueiro, no sertão de Pernambuco.
Este novo prazo, conforme prevê Mariana Prado, deve ser cumprido. "É uma
operação complexa. As águas vão percorrer 60 quilômetros, passando por dois
açudes até chegar em Jati", explica. A previsão para a chegada no
reservatório cearense é para dezembro de 2019, data próxima ao limite
estipulado pela Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável pela operação
do Pisf.
"O Ceará tem até o dia 31 de
dezembro deste ano para iniciar a operação comercial das águas transpostas, que
são aquelas que serão fornecidas ao consumidor", pontua Patrick Thomas,
superintendente adjunto da Superintendência de Regulação da ANA.
O Ceará vai receber quase a metade de
toda a vazão da Transposição, estipulada em 26,4 metros cúbicos por segundo.
"Para este ano, o Estado solicitou vazão de 12m³/seg", acrescentou
Thomas. De acordo com Mariana, será transposta 1,4% da água da bacia do Rio São
Francisco. "O impacto ambiental é mínimo, é uma porcentagem muito
pequena", garante Franceschi.
Custo da água
Com a proximidade da conclusão da maior
obra hídrica do País, os entes envolvidos já estudam um meio de baratear o
custo final da água para o consumidor, na chamada operação comercial. Mariana
antecipa que o MDR tem estudado a instalação de painéis solares nas áreas que
já foram desapropriadas sobre o canal da Transposição e nos açudes, com placas
flutuantes. A medida, conforme acrescenta Patrick, traria uma economia
considerável para o consumidor.
No estudo inicial do projeto, o custo
seria de R$ 0,13 por 1.000 litros (m3). Isso significaria um aumento de 5% a 7%
na conta de água - valor considerado baixo se comparado ao que se paga hoje nos
períodos de seca para obter a água por carro-pipa. No entanto, os valores foram
atualizados para R$ 0,519, o que expõe a necessidade de políticas para baratear
o custo final do líquido.
Diário do Nordeste
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