terça-feira, 20 de agosto de 2019

Jovem caririense derruba preconceito dentro de casa, vira jogadora de futebol e mira carreira na Europa

Enfrentando o Corinthians pelo Foz /Athlético Paranaense no Campeonato Brasileiro. Foto: Arquivo Pessoal
Vencer no futebol não é algo fácil para nenhum menino. Muitos sonham em ser jogador, jogar em um grande clube, ir um dia para a Seleção Brasileira. Agora imagine tudo isso para uma menina, principalmente, com a realidade do futebol feminino no Brasil. O desafio aumenta bastante. Em Barbalha existe uma menina que viu na dificuldade a energia para buscar o que mais queria: ser uma jogadora de futebol.

Primeiro título no Campeonato
Barbalhense de Futebol Feminino
Thays Ferrer está com 19 anos, mas desde cedo aprendeu a gostar de bola. Queria brincar com os meninos, já que a maioria das meninas que conhecia não se animava com essa ideia. As brincadeiras da menina incomodou os pais. Logo veio a proibição.


Então ela teve que dá um jeito. Saia escondido para jogar bola, um pouco distante de casa. Um dia conheceu Gustavo Ferreira de Barros, que tinha um projeto de futebol feminino na quadra da Escola Alacoque Bezerra, no bairro Alto da Alegria. Quando descobriram, os pais reclamaram. Foi aí que o treinador Gustavo fazia o papel de conciliador. Pedia para os pais deixarem. O avô Ferrer, vendo a dedicação da neta, resolveu apoiar. Ele acompanhava Thays em alguns treinamentos, apenas como torcedor. Para ela já era o bastante.

Após um período os pais se separaram. Mas a pressão continuou. Para Leny Ferrer, mãe de Thays, futebol era coisa de menino. A garota quis mostrar que não. Depois de jogar no Barbalha, time comandado por Gustavo, foi para o Napolis de Juazeiro do Norte. Saiu do futsal e foi para o campo. Em seguida atuou no Juasal e surgiu o convite para jogar profissionalmente por um time no Piauí. Antes, uma amiga a levou para o Viana no Maranhão. Foi onde tudo mudou. As propostas para outros clubes começaram a aparecer.

Atuou no Abelhas Rainha e Tiradentes do Paiuí, o Cajazeiras da Bahia e por último o Foz Cataratas, clube que tem parceria com o Athlético Paranaense. Durante esse período a avó Maria Ferrer já apoiava a neta. E orientava a mãe de Thays para conceder a autorização para que a menina, que ainda era menor de idade, pudesse viajar.

Leny (mãe), Thays e Maria Ferrer (avó). (Foto: Toni Sousa)
A avó de Thays é um caso interessante. Ela sempre foi contra o futebol quando os filhos Enock e Elias eram jovens e agora resolveu apoiar a neta. “Meu marido era pastor da Assembleia de Deus e eu não queria que meus filhos se desviassem do caminho certo. Um dia dei uma surra em Elias depois que soube que ele estava jogando. Mas agora vejo diferente. Quando a gente vira avó muda tudo. Amo essa menina e quero que ela seja feliz”, disse Maria Ferrer olhando com carinho para a neta.

Ao lado de Marta. Foto: Arquivo Pessoal

Thays está de férias em Barbalha, mas por pouco tempo. Ela vai viajar para a Europa. “Estou com uma assessoria gerenciando minha carreira profissional. Estão negociando minha transferência para a Europa, mas não posso adiantar o país ainda. Estou ansiosa e assim que estiver tudo certo, darei o meu melhor novamente”, disse.

Para Thays o pior já passou. Com o apoio da família as coisas devem melhorar ainda mais. Ela se inspira na jogadora Marta para vencer as adversidades. “Consegui derrubar o preconceito dentro e fora de casa. Minha família está ao meu lado. É o que importa. Para ser a melhor do mundo, Marta teve que lutar muito. Ela é uma guerreira e eu me inspiro nela para conseguir meus objetivos”, afirmou.

Gustavo Barros (primeiro técnico) e Thays. (Foto: Toni Sousa)
A caririense Thays deixou uma mensagem para as meninas que também querem seguir carreira no futebol. “Acreditem. Sejam fortes. Tenham fé em DEUS e dediquem-se ao máximo. Só assim a gente consegue aquilo que queremos”, disse Thays.              Fonte: Site Badalo

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