sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

PT e PDT divergem sobre atuação de Camilo

Ontem, Camilo Santana participou de evento da executiva nacional do PT, em São Paulo, que marcou o lançamento da pré-candidatura de Lula. Na foto, os dois estão acompanhados de Tião Viana, governador do Acre ( Foto: Roberto Stuckert )

Após decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pela condenação do ex-presidente Lula (PT) em segunda instância, petistas e outros aliados do governador Camilo Santana no Ceará aguardam um posicionamento dele quanto às pré-candidaturas à Presidência da República até agora colocadas. Enquanto lideranças do PT avaliam que o chefe do Executivo estadual deve apoiar o candidato da sigla, pedetistas apontam a possibilidade de Camilo compor, na campanha, mais de um palanque na base aliada do Governo do Estado.
As falas do governador durante evento de lançamento da pré-candidatura de Lula, ontem, em São Paulo, foram recebidas de formas diferentes por seus correligionários no Ceará. Durante discurso, Camilo destacou os feitos do líder político, afirmando que ele foi "o melhor presidente da história desse País". O governador disse ainda que Lula é "a esperança" para que o povo brasileiro resgate "as grandes conquistas dos últimos anos". "Nada apagará o brilho da história do nosso querido presidente Lula. A luta continua e a democracia sempre", sustentou.
O presidente do PT no Ceará, Francisco de Assis Diniz, destacou que, além de estar presente no encontro, Camilo fez questão de tirar uma foto com o ex-presidente e outros governadores. "Isso é mais que simbólico, é um gesto. E, na política, vivemos de gestos e fatos", ressaltou.
O dirigente salientou que Lula é o único candidato do partido e que não há outros planos para a disputa. "Conversamos permanentemente com o Camilo e ele está completamente comprometido no processo de construção da chapa, de palanque", disse. No entanto, não há consenso nem mesmo na bancada petista sobre que rumos o governador deve tomar, uma vez que ele foi e é apoiado pelo grupo político liderado no Ceará por Cid e Ciro Gomes - este, pré-candidato a presidente pelo PDT.
O presidente estadual do partido, André Figueiredo, destacou que, em 2014, nem Lula ou Dilma Rousseff estiveram no palanque de apoio a Camilo. "Isso deve ser levado em conta, porque ele teve apoio integral do PDT do passado e de agora".
De acordo com o pedetista, a base de sustentação de Camilo participará de mais de um palanque no Estado, mas a maioria das forças estará ao lado da candidatura de Ciro Gomes. "Ele (Camilo) é sensato e vai tomar um posicionamento correto, na hora certa", disse. O pedetista ressaltou que é preciso encontrar um caminho que não signifique riscos para a reeleição de Camilo e que possa potencializar uma boa votação de Ciro no Ceará, "para que isso se reflita em outros estados".
Alternativa
Outros pedetistas acompanham o ponto de vista de André Figueiredo. O deputado José Sarto afirmou que é natural que o governador se manifeste em apoio a Lula. No entanto, ele acredita que haverá dois palanques da base no Ceará, sem maiores tensões. Já Sérgio Aguiar projeta que haverá fortalecimento da postulação de Ciro a partir de agora, como uma alternativa de centro-esquerda no País.
O petista Elmano de Freitas, por sua vez, afirmou que o partido aprovou que a candidatura de Camilo estará vinculada a de Lula. No entanto, ele salientou que o governador mantém boas relações com Ciro Gomes e que é preciso manter a proximidade com "candidaturas de resistência ao neoliberalismo". Presidente municipal do PT, o vereador Acrísio Sena afirmou que o governador tende a respeitar todos os partidos da sua base. "Como filiado ao PT, o candidato dele, oficialmente, é o Lula".
A reportagem tentou falar com o governador sobre os próximos passos a serem dados diante do impasse quanto às candidaturas a presidente. A assessoria de Camilo afirmou que detalhes sobre nomes e candidaturas serão tratados apenas mais adiante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário