sábado, 30 de setembro de 2017

Escola está inacabada há quatro anos



Apesar de a Secretaria de Educação afirmar que as obras continuam, o cotidiano dos serviços vem sendo acompanhado pelos moradores. A demora na conclusão motivou o pedido de uma auditoria por parte do governo do Estado

Fortaleza. Lideranças comunitárias e moradores de Caiçara e Preá, no litoral de Cruz, requereram, nesta semana, uma auditoria técnica para apurar a paralisação da obra de construção de uma unidade de ensino, voltado para os moradores do Vale do Acaraú, destacando aquele Município e ainda o de Jijoca de Jericoacoara, ambos no litoral Oeste do Ceará.
A constante interrupção dos serviços da Escola Família Agrícola (EFA) foi motivo de uma mobilização da comunidade, que chegou a protocolar o pedido no gabinete do governador, alegando que a licitação data do ano de 2012 e atualmente se encontra com canteiro de obras abandonado.
O documento, que foi protocolado sob o Nº 6.753.532, de 25 de setembro passado, decorreu da indignação, conforme disse o médico Emílio Furlani, do estado de abandono como a construção se encontra, principalmente se considerar o benefício que traria aos jovens daquela região no âmbito da profissionalização e, consequentemente, para a melhoria das oportunidades de emprego e renda na região.
Polêmica
Segundo Emílio, desde o ano de 2000, a partir de um a visita à Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), no município de Valente, na Bahia, foi tomado conhecimento de uma EFA. No documento encaminhado ao governo do Estado, os signatários disseram reconhecer "como perfeitamente replicável no nosso meio, vindo ao encontro dos nossos interesses e carências", afirma.
Por iniciativa da Igreja católica, foram doados 180 hectares de terras da Diocese de Sobral, para a construção da unidade de ensino, considerando a vulnerabilidade da juventude, que se via em meio à falta de perspectivas de atividades produtivas.
O presidente da Associação Escola Família Agrícola Vale do Acaraú (Aefava), Gilson Moura, lembra que as obras tiveram início em 2013. Mas houve sucessivas interrupções, em que a crise econômica se tornou uma explicação comum para o atraso.
Importância
A suspensão mais dolorosa ocorreu, conforme conta Gilson Moura, em setembro de 2015, quando as atividades pararam durante seis meses. Depois, houve um retorno ao trabalho, que durou apenas quatro meses. Em março passado, reiniciaram-se as obras, em ritmo lento, com 14 operários.
"A nossa associação, especificamente a comunidade de Caiçara, e os visitantes interessados, acompanham com bastante preocupação o canteiro de obras, onde estão enterrados tantos investimentos, anseios e esperanças", afirma.
"Nossas expectativas são enormes diante dessa obra, que vai reconhecer a metodologia do ensino e a economia local. Com isso, possibilita-se oportunidades para todos os jovens da região e a valorização do trabalho do campo", ressaltou Gilson.
Com tantas paradas e recomeços, a angústia tomou conta da comunidade. O médico Emílio Furlani, que é um entusiasta da ideia, não nega sua frustração pela desatenção com a ação. "Caminhamos por entre paredes inacabadas, já com aspecto de escombros, tetos desabados antes de concluídos, lajes fora de esquadro, madeiras carcomidas, mato nascendo nos intermeios, ferragens expostas em corrosão, montes de formigueiros e cupins", conta.
Segundo Emílio Furlani, a ideia da escola agrícola preenche uma lacuna importante na questão do ensino profissionalizante, atendendo uma demanda que sofre com a falta de acesso ao mercado de trabalho. "Esse é um pleito que, na verdade, aguardamos há 15 anos. A demora tem sido compreendida com um misto de crise econômica e corrupção", disse o médico, que atende na região.
Continuidade
Ao mesmo tempo, Furlani conta que houve uma visita do governador Camilo Santana, prometendo a retomada das obras, o que chegou a ocorrer, mas no ritmo necessário para uma obra que se arrasta desde 2012, quando foi concluído o processo licitatório. A unidade escolar fica localizada a 40Km da sede.
Em vista disso foi que se tomou uma medida mais forte com relação ao enfrentamento do problema, ao requerer a auditoria técnica. "Por conta do exposto, achamos por bem solicitar à V.Sa. Uma auditoria fiscal, na ânsia de tomarmos conhecimento da real situação de nosso projeto", afirma o documento.
Sobre o assunto, a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação (Seduc) informou , por e-mail, que o governo está adotando as providências necessárias em relação ao caso. A empresa responsável já foi notificada com relação ao ritmo lento da execução.
Ainda conforme as informações da Seduc, a construção da Escola Família Agrícola está em andamento e a previsão para conclusão do prédio é até fim de dezembro deste ano.
Fique por dentro
Embora licitada em 2012, obra iniciou em 2013
Para que a Escola Família Agrícola fosse viabilizada, membros da Aefava participaram de vários encontros e treinamentos, na EFA de Soinho (Piauí); e na EFA Dom Fragoso, de Independência (Ceará), com a ajuda e o apoio do bispado de Sobral, na pessoa de dom Aldo Pagoto.
Em 2010, o governo estadual acenou com a intenção de encampar o projeto, por meio dos Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário. Por decisão em assembleia, foi feita a doação de dois hectares como contrapartida.
Em 2012, a obra foi licitada. Em janeiro de 2013, começou a construção, entregue à empresa denominada Tecnocom, com 70 a 80 operários. Com o tempo, o número de trabalhadores foi diminuindo, a fora o fato dos hiatos longos entre a suspensão e a retomada dos serviços.
Mais informações:
Seduc
Crede 3 - Acaraú
Rua Santo Antônio, 133
Outra Banda
Acaraú - CE
Telefone: (88) 3661-1498

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